Banco avança em rentabilidade com aumento de exposição à pessoa físca na carteira de crédito de 29% para 33% do total, na comparação anual
Reza a lenda que logo ao surgir o cantor e compositor Chico César teria declarado ser o novo Caetano Veloso. Mas, então, ao ser consultado, Caetano teria respondido: ?Não, o novo Caetano Veloso sou eu?. A brincadeira serve aqui para o setor bancário. O balanço do Itaú Unibanco, com um lucro líquido de R$ 7,2 bilhões no quarto trimestre, surpreendeu as expectativas do mercado. E não foi por pouco. O retorno sobre capital do banco voltou a superar 20%, acima do guidance dado para 2021.
A instituição, um dos grandes e tradicionais bancões do país, melhorou o resultado de sua carteira de crédito ? que ultrapassou R$ 1 trilhão, pela primeira vez ? e emitiu um volume recorde de cartões entre setembro e dezembro, 4,8 milhões novos plásticos. O resultado do Itaú deixou um gosto de ?o neobanco sou eu?. Totalmente na contramão do que mostraram os balanços de Santander e Bradesco, que decepcionaram os investidores e sofreram com alta da inadimplência. E qual foi o segredo? A pessoa física.
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A carteira de crédito para clientes individuais cresceu mais de 30%, com altas significativas em todas as linhas (de cartão à crédito imobiliário), somando quase R$ 333 bilhões. E mais do que isso, o banco acertou no mix de produto e seu formato de remuneração, na crença de uma alta da Selic. Ao menos no quarto trimestre, o Itaú operou bem o spread bancário: conseguiu incorporar a alta da taxa em sua remuneração sem criar problemas de inadimplência, até agora, e manteve um bom custo de captação. O espanto foi geral.
As ações fecharam em alta de 6,15%, com o valor de mercado da instituição em R$ 243 bilhões. Alguns dados do quarto trimestre, fora do balanço, valem também serem mencionados: o total de contas abertas de forma digital no quatro trimestre superou 1 milhão, o dobro do mesmo período de 2020. No crédito, 40% das operações foram feitas online, comparado a 27% um ano antes.
Para coroar 2021 com surpresas, o Itaú foi a única marca brasileira a aparecer entre as 500 mais valiosas do mundo no ranking da Brand Finance, após galgar 53 posições à frente, para a 335ª colocação.
Ontem, o analista do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da Exame), Eduardo Rosman rebaixou a recomendação para as ações de Nubank para a venda, após um corte no preço-alvo projetado de R$ 10 para R$ 8,5 por ação. O fundamento principal da argumentação é que o Nubank não deveria passar incólume a um ciclo ruim no mercado de crédito, que deixou marcas em Bradesco e Santander. A fintech fez a oferta pública inicial (IPO) mais badalada da década e estreou na Nyse avaliada em US$ 41,5 bilhões, que na época era praticamente cravado o mesmo valor do Itaú.
O analista cita ao longo de sua análise que em encontro recente com o Nubank, a instituição teria sinalizado já a expectativa de uma piora na carteira, com aumento da inadimplência devido ao fim do auxílio emergencial adotado na pandemia. Para Rosman, se isso ocorrer, ele espera que o Nubank desacelere e adote uma postura mais conservadora. Para completar o quadro, há uma expectativa que o cenário regulatório aperte mais as fintechs que se agigantam.
O balanço do Itaú deixou a dúvida no mercado, que só o balanço do Nubank poderá dar maior clareza. Será o Itaú um ?neobanco?? Na Nyse, as ações da instituição fundada por David Vélez tinham queda de quase 8%, com a super fintech avaliada em US$ 39,5 bilhões, ou R$ 210 bilhões, aproximadamente. Menos que o Itaú e abaixo do IPO.
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