Os juros altos devem trazer pelo menos uma boa notícia para a economia e a inflação tende a perder a sua força
Por Renato Ojima*
O ano de 2022 se inicia carregando as incertezas de 2021: indefinição das reformas, desvalorização do real, crise hídrica e energética, o impacto do preço do petróleo na cadeia de suprimentos e as incertezas provocadas pela pandemia.
Os juros altos devem trazer pelo menos uma boa notícia para a economia, a inflação tende a perder a sua força, somada a uma safra recorde de alimentos e a diminuição da demanda.
Porém, por outro lado, o mercado de trabalho formal perdeu força. O trabalho informal ainda é muito expressivo no país, representando cerca de 54% do total da geração de empregos em 2021.
A inflação
Apesar de todas as medidas tomadas para conter a inflação na casa dos 10% (acumulado de 12 meses até dezembro de 2021), visando alcançar algo próximo de 5% no final de 2022, dificilmente o Brasil conseguirá cumprir a meta de 3,5% ao ano no médio prazo.
Como nossa economia ainda é indexada, nos primeiros seis meses de 2022 teremos influência direta da inflação gerada em 2021. Boa parte dessa pressão inflacionaria perderá força a partir do segundo semestre, é verdade, uma vez que o reajuste de preços e o aumento dos juros leva algum tempo para ter efeito direto sobre a economia real.
Assim, teremos um crescimento menor com impacto significativo na geração de empregos. O câmbio também influencia, já que a moeda desvalorizada incentiva a exportação de commodities, reduzindo a oferta para o mercado interno.
Panorama internacional e projeções
No terceiro trimestre de 2021, tivemos a grata surpresa com o PIB mundial. Segundo a Austin Rating, o crescimentos foi em média de 1,6% contra o segundo semestre.
Mas, percebe-se um abismo e grandes variações entre os setores da economia, como é o caso da indústria que tem crescido em um ritmo bem mais forte que o setor de serviços.
As economias mundiais vêm apresentando recuperação ao longo de 2021 e isso deve continuar ao longo de 2022. O FMI (Fundo Monetário Internacional) estima um crescimento positivo em 4,9%, com estimativa de um crescimento de 1,5% no PIB do Brasil.
A China nos últimos meses vem apresentando desaceleração da sua economia, sobretudo pela crise no setor imobiliário. Essa desaceleração pode causar impactos importantes para o Brasil, pois, este país é o nosso principal parceiro econômico, refletindo nas exportações e nos preços das commodities. Mas, apesar da tensão, seu desaceleramento ajudará a frear a pressões inflacionárias mundiais.
Os Estados Unidos também mostraram forte recuperação, sobretudo no terceiro trimestre de 2021, crescendo surpreendentes 33,1% em comparação com o trimestre anterior. O movimento existiu particularmente por conta do consumo das famílias e os investimentos em capital fixo, resultado dos programas de gastos do governo federal.
O mesmo aconteceu com a economia de países na zona do Euro, impulsionado sobretudo pelo turismo e lazer do verão europeu, e a recuperação da sua produção industrial.
A inflação mundial provavelmente seguirá em ritmo elevado ao longo de 2022, já que a causa raiz vem do impacto nas cadeias produtivas globais, provocadas pela pandemia.
Enfim, 2022 ainda é um ano de incertezas, considerando inclusive os termos da dinâmica econômica. Contudo, percebemos uma busca constante por tecnologias mais modernas, renovação dos processos e metodologias de desenvolvimento de produtos e serviços e isso é um acerto, afinal, não podemos deixar a atualização e a atenção com as mudanças de lado.
*Renato Ojima, CEA, AAI, CNPI é economista formado pelo IBMEC. Fundador da Open Serviços Financeiros, possui 12 anos de experiência no mercado de capitais com vivência em bancos de investimentos (Itaú BBA), gestoras de recursos (Inter Asset), consultorias de negócios e assessoria de investimentos para clientes de alta renda (BTG Pactual e XP Investimentos).