Petrobras, Novonor e credores surpreendem e dizem não para pressão de investidores por desconto elevado
A oferta secundária de ações da Braskem não se concretizou dessa vez. Petrobras e Novonor estavam vendendo um total de 155 milhões de ações preferenciais da petroquímica, ou seja, todas as que detinham. Os investidores trucaram as sócias controladoras acreditando que a operação sairia a qualquer preço e não deu certo. As sócias sinalizaram durante o road-show que não colocariam os papéis a qualquer custo e que eram sensíveis a esse fator, mas o mercado tentou pressionar até o fim, e elas bancaram a resistência previamente indicada.
A demanda maior estaria em R$ 40 por ação. Para os vendedores, esse valor não fazia sentido. A informação durante a tarde era de que havia interesse suficiente e até superior a todo volume de ações a ser pulverizado nesse valor, o que em tese daria espaço para ampliar um pouco o resultado final. A pressão dos investidores por esse preço aumentou no fim do dia , mas os envolvidos já haviam alertado que nessa cotação específica ninguém estava interessado em sair da posição ? nem mesmo os bancos credores da Novonor, que participam de alguma maneira da decisão.
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Houve um estranhamento considerável do mercado quanto ao resultado final, pois as informações sobre a cobertura extra circularam durante a tarde entre aqueles que participaram dos encontros com a empresa e colocaram ordens. Só que na hora final de fazer a real alocação do livro, a demanda caiu (algo comum em todas as ofertas) e alguns investidores começaram a falar em R$ 39, numa clara tentativa de colocar os vendedores contra a parede. Foi aí que a coisa toda fez realmente água. O desfecho deixou o mercado com um gosto amargo.
As ações fecharam o dia em R$ 46,51, em queda de aproximadamente 3% ante a cotação de encerramento de quarta-feira, dia 26, mas bem acima do preço das ordens. Há informações, de pessoas próximas à transação, que também havia compradores a preços bem mais elevados, em torno de R$ 45, mas que não chegavam perto de cobrir toda a transação.
O EXAME IN apurou que a intenção de venda das sócias permanece, assim como o plano de adesão ao Novo Mercado. Mas esse movimento de hoje marcaria o primeiro passo da pulverização do capital da petroquímica e a mudança no nível de governança de listagem.
Os investidores leram mal a pressa de Petrobras, Novonor e bancos credores em realizar essa colocação. Apostaram que, sim, a transação passaria com um desconto muito significativo. Tentaram colocar na conta ? ou seja, no desconto ? o dividendo de quase R$ 7,5 por ação que a Braskem pagou até dezembro, referente ao balanço dos primeiros nove meses de 2021 ? um desembolso da ordem de R$ 6 bilhões pela empresa. Mas esqueceram de adicionar o dividendo ordinário que ainda deve vir na assembleia geral ordinária (AGO) sobre o fechamento do ano, que também não deve ser nada despresível.
Agora, é aguardar o próximo movimento. O recado de Petrobras e Novonor está passado e dos investidores também. Ficou o aprendizado para todos os lados.
A oferta teria elevado o free float, percentual do capital da empresa negociado em bolsa, de 25% para 45%. O aumento da liquidez ajudaria as ações a terem melhor precificação em mercado, participar de índices e, com isso, um aumento da base de investidores. Esse passo era estratégico para o seguinte: levar a companhia ao Novo Mercado e as sócias Petrobras e Novonor venderem também as ações que hoje são de controle.
A contrapartida para as vendedoras é fazer um processo menos corrido e ter tempo de acessar investidores que atualmente não são estão na base da companhia e fundos estrangeiros para os quais o negócio poderia fazer sentido.
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