Empresa de investimentos estava à caça de uma nova grande aquisição desde a tentativa de compra da Unilever, em 2017
Conhecido por seus negócios em alimentos, o fundo de investimento 3G Capital pagou 7,1 bilhão de dólares por uma fatia majoritária na Hunter Douglas, uma tradicional companhia holandesa de cortinas e produtos para arquitetura. É a primeira grande aquisição da companhia desde 2015, quando uniu Kraft e Heinz, e um retorno aos grandes negócios após a tentativa de comprar a gigante de alimentos Unilever, em 2017, num negócio de 143 bilhões de dólares.
O 3G foi fundado pelo trio brasileiro Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira e, como destaca o Financial Times, que anunciou a operação nesta sexta-feira, gere dinheiro também de grandes investidores como a família colombiana Santo Domingo e o tenista suíço Roger Federer.
A Hunter Douglas, controlada há mais de 100 anos pela família Sonnenberg, é listada na bolsa de Rotterdam e deve fechar seu capital com a operação anunciada hoje. Segundo o acordo, o 3G vai deter 75% do capital da empresa, deixando a família fundador como minoritária. A oferta pelo 3G garante um prêmio de 70% sobre o preço de fechamento das ações da companhia, ontem.
O atual presidente da Hunter Douglas, David Sonnenberg, neto do fundador, deve passar à presidência do conselho e dará lugar no comando executivo ao brasileiro João Castro Neves, ex-executivo da AB InBev e conselheiro da Kraft Heinz e da Restaurant Brands International, dona, entre outros, do Burger King.
Ao Financial Times, Sonnenberg afimrou que está entusiasmado com o negócio e que o 3G tem "uma mentalidade expansiva e um estilo de operação semelhando ao nosso, mão na massa, informal e empreendedor".
No comunicado sobre o negócio, Alex Behring, co-fundador do 3G, afirmou ter profundo respeito pela liderança da família Sonnenberg por três gerações e que vai trabalhar com sua liderança para uma nova fase de expansão glogal.
Em entrevista ao EXAME In no primeiro semestre, Castro Neves afirmou que a prioridade do 3G era buscar negócios que aliassem eficiência operacional com crescimento sustentado, e que tivessem um propósito para unir investidores e motivar os funcionários.
Na Hunter Douglas, terá o desafio de manter o ritmo dos últimos 9 meses, quando a empresa cresceu 30% após encolher 4% no ano de 2020, marcado pela pandemia.