Os comportamentos sustentáveis norteiam a atuação e o sucesso de uma empresa; por isso, devem ter continuidade e cada vez mais clareza
Por Marina Carlini*
Vivemos num momento em que os olhos de toda a sociedade estão voltados para questões de sustentabilidade. Essa onda ultrapassa conceitos preestabelecidos de preservação do meio ambiente e dos recursos naturais. Quando falamos de agenda, também falamos de comportamento, de pessoas, do cuidado com o outro. Falamos da responsabilidade das corporações de provocarem transformações ambientais, sociais e econômicas positivas.
Mas esse movimento não é de agora! Desde 1983, em resposta a uma decisão da 38ª Assembleia-Geral da ONU, foi estabelecida a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que pretendia determinar parâmetros de relacionamento entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental. A partir daí, o termo ?sustentabilidade? foi ganhando cada vez mais força e espaço nas nossas vidas e, atualmente, o defendemos em um patamar muito mais elevado no mercado financeiro, dentro do que chamamos de ESG, que significa Ambiental, Social e Governança, na sigla em inglês.
É praticamente impossível ignorar a necessidade de prestar contas para a sociedade e outras partes interessadas. É preciso comprovar, na prática, que nossos produtos, serviços, nossas ações e comprometimento vão além da aplicação verbal. Afinal, nossas iniciativas são fatores decisórios para a viabilidade de uma operação com fins comerciais guiada por uma agenda ESG.
Ao longo da minha carreira, atuei nessa frente dentro de algumas empresas e percebo o quanto, cada vez mais, elas estão sendo cobradas por, de fato, consolidarem uma agenda socioambiental responsável. E tenho o maior orgulho de, hoje, fazer parte de uma das maiores holdings do país e ver que suas ações para o desenvolvimento sustentável vêm sendo reconhecidas e atestadas pelo mercado. Tudo isso é motivo de muita celebração, mas também sinônimo de ainda mais responsabilidades.
Em pensar que, há dois anos, a Cosan assumiu diversos compromissos em linha com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pela ONU e, em tão pouco tempo, avançou de forma significativa dentro do que foi especificado. Esse processo todo já pode ser considerado um grande marco para nós.
Não que iniciativas desta agenda já não fizessem parte da jornada da empresa, pelo contrário. Elas sempre estiveram aqui, mas sempre conduzidas por nomenclaturas diferentes, como segurança das pessoas e operações, respeito pelas pessoas, gestão eficiente de recursos, relacionamentos de longo prazo com criação de valor para funcionários, fornecedores, clientes, comunidades, entre outros. Mas foi há dois anos que organizamos e nos comprometemos publicamente a buscar resultados que comprovassem, perante a sociedade, a nossa atuação.
Chegamos ao fim de 2021 sendo, mais uma vez, incluídos no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da B3, a Bolsa de Valores brasileira, um indicador que mede o desempenho e o comprometimento de empresas que adotam as melhores práticas de sustentabilidade. Só que, neste ano, compor a 17ª carteira do índice tem um gosto ainda mais especial.
Com alterações importantes em sua governança e metodologia, em linha com os principais padrões internacionais de referência, o índice integrou avaliações do indicador de risco reputacional do RepRisk e, também, do questionário de clima do CDP (Climate Disclosure Project), uma organização sem fins lucrativos para que investidores e empresas gerenciem seus impactos ambientais, tais como emissões de gases de efeito estufa, riscos, oportunidades climáticas e governança para o tema. Desta forma, elevaram o nível de exigência, de credibilidade e transparência do ISE. A régua subiu e o Grupo Cosan subiu junto com ela.
Lembra que comentei que há dois anos assumimos publicamente compromissos sustentáveis? Então, um deles era reportar ao CDP e, ainda, conseguir que todas as empresas do grupo Cosan reportassem voluntariamente ao questionário deles. E chegamos lá!
Com a Cosan, saímos da nota B, em 2020, para A-, ficando a um passo da nota máxima. Raízen foi de A- para A (atingindo o topo!). Com a Rumo, avançamos de B- para B. A estreante deste ano, Compass, já chegou registrando nota B. Na Moove também tivemos uma evolução significativa em sua jornada em mudanças climáticas via CDP.
Em um ano de tantos desafios e discussões por meio de fóruns como a COP 26, seguimos ainda mais motivados ao ver nossos esforços no combate à crise climática sendo reconhecidos. Para quem vive esse mundo da sustentabilidade diariamente, como eu, sabe o quanto é importante chegar nesse nível de execução, com a garantia de tais chancelas. E queremos mais!
Os comportamentos sustentáveis norteiam a atuação e o sucesso de uma empresa. Por isso, devem ter continuidade e cada vez mais clareza, pois proporcionam uma série de benefícios em cadeia. Reduzem os custos, ajudam a evitar os desperdícios de recursos, geram identificação do público com a marca ? impactando pelo grande diferencial competitivo ?, contribuem com a qualidade de vida e conscientizam e engajam colaboradores. A sustentabilidade empresarial é comportamento e, consequentemente, um compromisso social, econômico e ambiental com a sociedade, seja em ambientes urbanos ou rurais.
*Marina Carlini é gerente executiva de ESG e Comunicação Externa da Cosan
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