Ações das maiores varejistas do Brasil lideraram as perdas do Ibovespa em 2021; quedas acumuladas no período chegam a superar 70%
Depois de o início da pandemia ter alavancado as vendas digitais (e as ações) das principais varejistas do país em 2020, 2021 foi um ano para os acionistas da Americanas (AMER3), Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3) esquecerem. Entre as piores performances do Ibovespa no período, os papéis das três companhias caminham caíram para menos da metade.
Sucessivas revisões do PIB para baixo, além de juros e inflação bem acima dos projetados no início do ano ditaram o ritmo da bolsa em 2021 ? e pressionaram ainda mais o setor de varejo. Os balanços trimestrais tampouco animaram investidores, com a redução do nível de crescimento no e-commerce minimizando o interesse explosivo que o mercado havia demonstrado sobre o setor no ano anterior.
Desempenho acumulada no ano (até 28/12):
Magazine Luiza (MGLU3): - 72,83%
Via (VIIA3): - 69,93%
Americanas (AMER3): - 57,81%
Mas, após tamanha desvalorização, as ações das maiores varejistas do país conseguirão se recuperar em 2022? Ainda que investidores vejam o e-commerce como uma tendência secular, analistas do BTG Pactual mantiveram de fora Via, Magalu e Americanas de sua carteira recomendada de curto prazo (até 3 meses).
Para a carteira de 2022, a preferência foi pelas ações do Mercado Livre (MELI34), que embora tenha grande exposição ao Brasil, ostenta maior diversificação geográfica na América Latina - o que pode se mostrar uma vantagem no próximo ano, marcado pelas incertezas eleitorais.
Em 2021, a empresa argentina também se mostrou mais resiliente que suas concorrentes no e-commerce brasileiro, caindo apenas 20% na Nasdaq, onde é listada. Em reais, os BDRs do Mercado Livre acumulam perdas ainda menores, de 15% no ano.
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Tendência secular
Para o longo prazo, porém, analistas do BTG seguem otimistas com a possibilidade de Magazine Luiza e Americanas estarem entre as vencedoras do ?ciclo virtuoso? do e-commerce brasileiro.
Até 2025, a expectativa do BTG é de que as vendas digitais no Brasil saltem de 220 milhões de reais, em 2021, para 505 milhões de reais. Ao menos no curto prazo, porém, esse crescimento deve ser acompanhado de um cenário concorrencial intenso, com empresas brasileiras e estrangeiras brigando pelos mesmos consumidores.
?Os vencedores devem promover mais engajamento do usuário por meio de investimentos em conteúdo, maior variedade de produtos (e serviços) e melhorias contínuas no nível de serviço, o que significa maior monetização do GMV.?, afirmam os analistas do BTG em relatório.
Pelas projeções de analistas da casa, Magazine Luiza, Americanas e Mercado Livre responderão por 82,5% de todo o e-commerce brasileiro até 2025. Em 2020, a fatia de mercado dessas três empresas foi de 60%.
Segundo as estimativas, proporcionalmente, o maior ganho de mercado deve ficar com a Magalu, que, até a metade da década, deve crescer de 16,4% para 23,8% do total até a metade da década. Para 2022, a expectativa é de que a fatia já chegue na casa dos 20%.
Upside atrativo
Espera-se que tal crescimento seja acompanhado pelo preço das ações, para o qual analistas do BTG projetam alvo de 16 reais para os próximos 12 meses - representando um potencial de alta de quase 140%. Ou seja, em 2022, as ações do Magalu podem subir mais do que os 102% de 2020 - mesmo com o preço abaixo do patamar de 24 reais, batido no início de 2021.
Para a Americanas, as expectativas são um pouco menos otimistas. Embora mantenha recomendação de compra para o longo prazo, o BTG enxerga um potencial de alta de apenas 40% ? inferior ao upside para as ações da Via, de cerca de 60% e para as quais os analistas têm recomendação neutra.
A maior cautela em relação à dona das Casas Bahia e Ponto se deve às maiores preocupações sobre ?perspectiva competitiva, superexposição ao segmento de eletrônicos/eletrodomésticos e incertezas com relação às provisões futuras e monetização de créditos fiscais em seu balanço patrimonial?. Em balanço do terceiro trimestre, a companhia dobrou as provisões trabalhistas para 2,5 bilhões de reais, gerando perdas de até 10% nos papéis, após a divulgação do resultado.
A maior percepção de risco envolvendo as ações da Via também é compartilhada por outros agentes do mercado. Em levantamento do TradeMap com 13 especialistas entre corretoras e casas de análises, somente 3 recomendam a compra das ações da Via, enquanto 9 de 16 recomendam comprar ações da Magazine Luiza e 8 de 15, das Americanas.