A multa imposta hoje ao Google é tão alta que não tem precedentes. Esta sanção econômica poderá ser acompanhada durante o dia por outra contra a Meta (matriz do Facebook), que será julgada por este mesmo tribunal de Moscou
Um tribunal russo determinou nesta sexta-feira (24) uma multa recorde de 7,2 bilhões de rublos (US$ 98 milhões) ao Google por não ter eliminado conteúdos "proibidos", uma nova medida do país contra os gigantes do setor digital.
Em um comunicado em sua conta no Telegram, o departamento de comunicação dos tribunais de Moscou informou que o Google foi considerado culpado de "reincidência", pois o grupo americano não eliminou de suas plataformas conteúdos considerados ilegais na Rússia.
O tribunal não detalhou o conteúdo envolvido.
"Vamos estudar os documentos do tribunal para decidir as medidas a serem adotadas", disse a assessoria de imprensa do Google à AFP.
A Justiça russa anuncia, com frequência, sanções a grandes empresas digitais acusadas de não apagar conteúdos que fariam apologia das drogas e do suicídio, ou que estariam relacionadas com a oposição política.
A multa imposta hoje ao Google é tão alta que não tem precedentes. Esta sanção econômica poderá ser acompanhada durante o dia por outra contra a Meta (matriz do Facebook), que será julgada por este mesmo tribunal de Moscou.
Em outubro, o regulador russo de telecomunicações, Roskomnadzor, ameaçou a Meta com uma multa milionária de "entre 5% e 10% de seu faturamento anual" das filiais na Rússia.
- Multas, ameaças e bloqueios
Em setembro, pouco antes das eleições legislativas, Moscou obrigou Apple e Google a retirar de suas lojas virtuais na Rússia o aplicativo do opositor Alexei Navalny, que está preso, por "interferência eleitoral".
Também ameaçou prender seus funcionários na Rússia, caso não cooperassem, de acordo com fontes das empresas.
Além disso, bloquearam vários sites vinculados a Navalny, depois que suas organizações foram consideradas "extremistas" e condenadas pela Justiça rusa.
Neste mesmo mês, a Roskomnadzor anunciou o bloqueio de seis softwares de redes privadas virtuais (VPN), que permitem o acesso a páginas proibidas na Rússia.
Desde 2014, a lei russa obriga as empresas de Internet a armazenarem os dados dos usuários russos no país. Facebook, Google, Telegram e WhatsApp receberam multas de milhares de dólares no âmbito desta lei.
As autoridades russas estão desenvolvendo um polêmico sistema de "Internet soberana" que permitirá isolar a rede russa dos grandes servidores mundiais.
Em janeiro de 2021, o presidente Vladimir Putin considerou que as grandes empresas de Internet são, "de facto, competência dos Estados" e denunciou suas "tentativas de controlar a sociedade, de forma brutal".
ONGs e opositores temem que o Kremlin tente criar uma rede nacional sob seu controle, como acontece na China. O governo nega tal política.
O regime também vem aumentando sua presença nas grandes empresas digitais russas.
O grupo de tecnologia VK, controlado por uma filial do gigante do setor de energia Gazprom (e que criou a primeira rede social russa, "VKontakte"), anunciou recentemente a nomeação como diretor-geral de Vladimir Kirienko, filho de um colaborador próximo a Vladimir Putin.