O ano de 2022 traz um potencial crescente de apoio a negócios que têm em sua natureza a conservação da Amazônia e a inclusão e geração de renda
Por Alexandre Mansur
A Amazônia foi a bola da vez em 2021. Nunca se falou tanto sobre a maior floresta tropical do planeta. Os índices de desmatamento foram os mais alarmantes. Duas grandes conferências da ONU - da Diversidade Biológica e da Mudança Climática - reuniram líderes mundiais e trouxeram em seu centro a importância da Amazônia para a sobrevivência da humanidade no planeta.
Empresas, investidores e organismos nacionais e internacionais voltaram seus olhos para cá, revelando um grande potencial de investimento em iniciativas que geram impactos positivos para a floresta como forma de preservar a diversidade biológica e mitigar a emergência climática.
Exatamente por isso, o ano de 2022 traz um potencial crescente de apoio a negócios que têm em sua natureza a conservação da Amazônia e a inclusão e geração de renda e qualidade de vida para seus povos.
Construir um pipeline de negócios de impacto aptos a receber investimentos e a crescer é um dos desafios para esse caminho virtuoso, mas absolutamente necessário.
Esses negócios já existem. Em 2021, a AMAZ aceleradora de impacto realizou uma Chamada de Negócios, visando selecionar seis deles para aceleração e investimento em 2022. Recebeu 156 inscrições, originadas de vários estados brasileiros.
Os negócios selecionados ? BrCarbon, Floresta S.A., Inocas, Mahta, Soul Brasil e Vivalá - geram impacto nos estados do Acre, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Roraima. E atuam com soluções inovadoras para o desenvolvimento de produtos e serviços em cadeias de valor estratégicas para a conservação da Amazônia em áreas como reflorestamento, projetos de carbono e conservação florestal, produção de óleos, alimentação e turismo de base comunitária.
Os seis passarão por um processo de aceleração em 2022 e receberão investimento inicial de R$ 200 mil, havendo possibilidade de reinvestimento (follow) de outros R$ 400 mil ao final do processo. Em 2022, a aceleradora fará nova Chamada de Negócios, e a expectativa é ampliar o portfólio de negócios acelerados e o pipeline.
Uma nova geração de empreendedoras e empreendedores, que vê o valor da floresta em pé e a importância de envolver as populações amazônidas nas cadeias produtivas que conservam a maior floresta tropical do planeta, vem crescendo na Amazônia.
A atuação em rede, envolvendo diferentes players, é essencial para acelerar esse novo modelo de desenvolvimento para a Amazônia. E a AMAZ parece ter isso bem claro em sua composição.
Coordenada pelo Idesam (Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia), a aceleradora tem como fundadores e parceiros estratégicos Fundo Vale, Instituto humanize, ICS (Instituto Clima e Sociedade), Good Energies Foundation, Fundo JBS pela Amazônia e Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA).
Conta também com uma ampla rede de parceiros como Move.Social, Sense-Lab,
Mercado Livre, ICE, Costa Brasil, Climate Ventures e investidores privados.
Esse arranjo possibilitou a criação de um fundo de investimento híbrido (blended finance) de R$ 25 milhões para investimento em negócios de impacto nos próximos cinco anos, o primeiro voltado exclusivamente para a região. Serão acelerados e investidos 30 negócios de impacto na Amazônia nos próximos cinco anos, além de garantir a gestão e o acompanhamento desses negócios pelos próximos dez anos.
O potencial de impacto aproximado dos negócios que serão acelerados em 2022, nos próximos cinco a dez anos, inclui mais de um milhão de hectares de florestas preservados, mais de 700 mil toneladas de CO2 de emissão de carbono evitadas anualmente, 3.700 hectares de florestas recuperadas, centenas de famílias beneficiadas e injeção de cerca de R$ 30 milhões em comunidades locais.
Se o pipeline desse tipo de negócio continuar a crescer nos próximos anos, o ecossistema de investimentos e negócios de impacto, que vai aos poucos se desenhando, tende a se tornar cada vez mais potente e ampliado, contribuindo fortemente para um novo desenvolvimento na Amazônia.
*Com Mônica Ribeiro