Rodada contou com Salesforce Ventures, Roble Ventures e Impact Engine; foco é ampliar presença no Brasil
Falar inglês no Brasil ainda é um objetivo cumprido por poucas pessoas. Uma pesquisa realizada pelo British Council mostrou que apenas 5% da população de fato se comunica no idioma ? e, destes, apenas 1% é fluente. Por outro lado, o interesse pelo idioma existe: levantamento realizado pelo app de aprendizado de idiomas Duolingo, que tem mais de 500 milhões de usuários globalmente, mostrou que o país é o que mais estuda o idioma no mundo todo. Um dos ?top 3? motivos para fazê-lo está relacionado ao trabalho (15% dos 30 milhões de usuários locais). De olho nisso, a startup Slang, focada em ensino de idiomas direcionado a termos técnicos de diferentes carreiras, quer fincar presença por aqui. E já recebeu 14 milhões de dólares (ou 70 milhões de reais) para cumprir essa missão.
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Não que a Slang tenha nascido ontem. A empresa foi fundada em 2013 e, hoje, conta com mais de 130 cursos que abordam o ensino de inglês para áreas altamente especializadas, como Saúde, Direito, Finanças e Tecnologia. Atualmente, são mais de 40 mil licenças ativas em mais de dez países e escritórios nos Estados Unidos, Colômbia, México e, a partir deste ano, no Brasil também.
?Todos os cursos de inglês ensinam, em média, 1% dos termos existentes na língua. Um curso genérico vai te apresentar 3 mil palavras, das cerca de 300 mil dentro desse universo. Se alguém trabalha em um hospital, ou com marketing, por exemplo, por que precisa aprender o inglês básico tradicional da mesma forma? Nossa solução vai além de animais e cores para ensinar alunos a fazerem apresentações profissionais?, diz Diego Villegas, co-fundador da Slang, à EXAME.
O executivo explica que há duas opções de cursos: os básicos para quem deseja aprender o idioma do zero, seguido pelas especificidades técnicas, e o avançado, para quem deseja ir direto à área com a qual trabalha ou tem interesse. O diferencial da empresa está em um ponto cada vez mais ressaltado por instituições de ensino: a operação guiada por dados, que permite ao aluno aprender mais rápido na medida em que se adapta à velocidade e ao formato de aprendizado de cada um. É o ?long life learning?, que considera pessoas estudando por períodos cada vez menores, começam a vida profissional mais cedo e seguem se aprimorando.
Em relação à inevitável comparação com o Duolingo, de aprendizado de idiomas, Diego afirma que a proposta da Slang é ser mais dinâmica do que o app. O currículo abre mais possibilidades de personalização e a redução de repetições de lições sobre termos que já foram vistos em etapas anteriores.
Para chegar ao público que quer atingir, a startup trabalha tanto na frente B2C quanto B2B ? sendo que a de empresas é a responsável pela maior parte da receita. Considerando a operação total da empresa, são mais de 100 empresas clientes, com nomes como HP, Samsung, Citibank e Thomson Reuters.
A startup não divulga faturamento, mas afirma que vai crescer, de forma geral, 300% em 2021 na comparação com o ano passado. Considerando todos os países em que opera, a Slang vai chegar a 150 mil usuários em 2022, e afirma que o Brasil deve ser o principal responsável por esse crescimento.
Desde que foi fundada, em 2013, a empresa cresce de duas a três vezes por ano, segundo Diego. A Slang nasceu em 2013, como um projeto de pesquisa do MIT de uso de tecnologia para acelerar o ensino de idiomas, feito por Diego Villegas e Kamran Khan, empreendedores experientes. O foco sempre foi na América Latina, mesmo com os fundadores nos Estados Unidos. A primeira operação foi na Colômbia, depois México, seguidos pelos demais países que falam Espanhol, até chegar ao Brasil ? que surpreendeu, pelo nível elevado de conhecimento do idioma.
Ainda assim, não é uma tarefa a ser cumprida sem desafios. O primeiro foi o modo de pagamentos ? especialmente o famoso parcelamento, tão utilizado no país ? que teve de ser adaptado. O segundo diz respeito ao produto em si: a Slang teve que criar um novo dicionário de palavras em português na plataforma, sem traduzir automaticamente o que já estava em espanhol.
Outro ponto a ser observado será o preço. Hoje, no site da empresa, é possível encontrar planos individuais por 15 dólares por mês (cerca de 84 reais), cobrados anualmente, o que daria cerca de mil reais. O desequilíbrio do câmbio e as taxas de desemprego devem ser analisados pela empresa dentro dos planos de crescimento.
Para as empresas, há mais opções, que começam em 6 dólares por mês, por aluno, e chegam a 15 dólares por mês, por aluno. Há ainda a frente de negócios que completa o ensino de idiomas e outra, direcionada às universidades.
É para atender a esses públicos com cada vez mais cursos que o dinheiro do aporte deve ser usado. Além disso, ?criar novas soluções em volta do ecossistema? deve ser uma prioridade, segundo Diego.
A estratégia é continuar atendendo companhias multinacionais no Brasil e ofertar cada vez mais produtos para elas, crescendo a presença da companhia em diferentes países, até estar presente em todos os países. Em longo prazo, nem mesmo um IPO é descartado. Começar esse plano pelo país que mais procura pelo ensino de inglês no mundo parece um bom plano para chegar lá.