Não se esqueça do impacto da inflação nos indicadores de Retorno

O gestor, além do talento que se espera que tenha para negociar, precisa ter à disposição a matéria-prima mais valiosa para decisões: informação

Eliseu Martins* e Oscar Malvessi**

Tomar decisões é um trabalho delicado. Quando são decisões sobre investimentos, os riscos aumentam: um erro pode custar volumes de dinheiro que acabariam prejudicando a empresa, ou apagariam a criação de valor e riqueza. O gestor, além do talento que se espera que tenha para negociar, precisa ter à disposição aquela que talvez seja a matéria-prima mais valiosa para decisões estratégicas: informação. A melhor decisão só se consegue com informações precisas e corretas.

Mas, no Brasil, a partir de 1996, a Lei nº 9.249 (26/12/1995) obrigou as empresas a não mais demonstrarem a correção do impacto da inflação em suas DFs. Apesar da relativa normalidade inflacionária até há pouco tempo, o impacto da inflação certamente faz a diferença na hora de analisar. Constata-se que há um desbalanceamento pela correção dos preços na receita e custos, com o valor dos ativos porque, este, se mantêm defasado com seus valores históricos.

É o que pretendemos mostrar aqui. Há uma imensa diferença entre usar informações em moeda nominal, da forma como são registradas pela contabilidade e o uso gerencial de moeda com um mesmo poder aquisitivo ou moeda constante.

Amostra: A análise envolve o período de 2010 a 2020, com as 130 empresas abertas, do índice de Governança Corporativa da B3.

Histórico: A Tabela 1 mostra o comportamento, a partir de 1996, considerando IPCA, IGP-M e dólar.

Eliseu Martins e Oscar Malvessi/Divulgação

A inflação pode disfarçar a magnitude dos retornos: a comparabilidade equitativa dos valores no tempo é uma ferramenta técnica fundamental, que se traduz em decisões gerenciais adequadas e corretas, nas avaliações de investimentos, na mitigação de riscos, nos cálculos dos indicadores de retorno e resultados econômicos.

Na Tabela 2, mostramos o comportamento das principais contas das DFs e suas defasagens em IPCA no tempo, quando comparadas com os valores nominais.

Eliseu Martins e Oscar Malvessi/Divulgação

Importantes diferenças nos indicadores de retorno: evidenciamos as diferenças dos efeitos da inflação observadas no ROIC (Retorno sobre o Capital Investido, na sigla em inglês), principal indicador de retorno de um negócio dentro da metodologia VBM-Value Based Management/Criação de Valor-EVA?/VEC®.

A fórmula do ROIC considera o Giro do Capital Investido, que mede o nível de produtividade no uso dos ativos operacionais com a margem LOLIR (Lucro Operacional Líquido do I.R.), que mede a lucratividade operacional deduzida dos encargos do I.R. O objetivo é mensurar a eficiência da empresa no uso dos ativos operacionais e comparar com a taxa do custo de capital-WACC (sigla em inglês para taxa do custo médio ponderado do capital). Assim, quando o ROIC supera o WACC há Criação de Valor. Quando não supera, há valor destruído.

ROIC: Abaixo, são apresentadas Tabelas Comparativas com as Taxas Atualizadas vs Taxas Nominais por faixas.

O ROIC é a métrica de retorno do VBM/Criação de Valor-VEC®, utilizada para comparar com o WACC. Leva em consideração, nos cálculos, a reestruturação das informações das DFs, usando os mesmos princípios de Valuation.

A análise por faixas do ROIC amplia a visão do comportamento histórico das empresas. Na Tabela 3, vemos o confronto entre ROIC atualizados vs ROIC nominal nas empresas com ROIC superior a 10%.  Verifica-se uma severa diminuição de empresas ao longo do tempo. Eram 64 em 2010, caindo para 19 em 2020, evidenciando a queda dos resultados das empresas.

Eliseu Martins e Oscar Malvessi/Divulgação

Constata-se relevante superavaliação no cálculo, ao se comparar o valor nominal vs o atualizado. Infere que essas empresas Criam Valor, mas não tanto quanto aparentemente demonstram.

Na tabela 4, temos as empresas com ROIC entre 5% e 10%. O ROIC também oscilou e as defasagens dos valores atualizados, partiram de 32,9% até 56%. Essa grande diferença é motivada pelo comportamento do Giro do Capital Investido Atualizado inferior a 1.

Na tabela 5, temos o comportamento das empresas com ROIC de nível muito baixo: entre 0% e 5%. Todas as empresas destroem valor, independentemente da atualização dos valores. A queda na qualidade dos resultados é demonstrada com o expressivo aumento de 18 empresas em 2010, para 56 em 2020. É resultado da improdutividade dos ativos operacionais do negócio originado pelo tamanho dos ativos disponíveis na atividade (superdimensionamento nos investimentos), adicionando-se ainda, baixas margens LOLIR. 

Eliseu Martins e Oscar Malvessi/Divulgação

Análise das Conclusões: Entende-se que, dependendo do nível do WACC, a análise do spread com o ROIC nominal pode ser novamente um indicador enganoso de retorno, aumentando o risco da empresa destruir valor quando, na realidade, o objetivo de qualquer gestão é Criar Valor.

Desta forma, ao usar dados históricos nominais, a gestão fatalmente vai se deparar com superdimensionamento de retornos. Isto induz os gestores a errar, porque ao comparar o ROIC com o WACC, aceita-se a decisão de investir, dado que o ROIC é supostamente superior ao WACC quando, na realidade, essa decisão destrói valor. Também corrói parte do valor do capital investido, prejudicando o desempenho futuro, destruindo a riqueza da empresa.

Concluindo,

  • A falta da equalização gerencial dos valores para cálculo do ROIC torna a taxa de retorno das empresas superavaliada;
  • Isso leva a gestão a tomar decisões errôneas e enganosas;
  • O resultado sempre é destruição de valor, comprovada e não percebida, contrário ao objetivo de todas as empresas que é de, sempre, Criar Valor.

 

*Eliseu Martins, Professor Emérito e Sênior das Faculdades de Economia, Administração e Contabilidade da USP, São Paulo e Ribeirão Preto. Parecerista. Ex-Diretor da CVM. E-mail: prof.eliseu.martins@gmail.com

**Oscar Malvessi, Doutor em Finanças, especialista na metodologia VBM/Criação de Valor, professor adjunto do Departamento de Finanças da EAESP FGV.  Proprietário da Consultoria VEC® Criação de Valor. E-mail: oscar@oscarmalvessi.com.br

Fonte: Epoca

18/12/2021 11:30

[76]

 

 


 

Brasil supera 1.000 mortes por covid-19 em 24h pelo terceiro dia seguido

De acordo com dados do Ministério da Saúde, o país tem 643.029 óbitos e 28.058.862 casos confirmados da doença

Chegou a hora? Biden diz que Putin decidiu mesmo invadir a Ucrânia

Nesta sexta-feira (18), autoridades dos EUA disseram que o número de tropas russas reunidas ao longo das fronteiras da Ucrânia aumentou para aproximadamente 190 mil

Eduardo Leite indica a empresários que será candidato à Presidência

Com convite para deixar o ninho tucano e se filiar ao PSD de Kassab, o gaúcho afirmou a empresários que tem "disposição" de apresentar um projeto alternativo para o país

Ver todas as noticias

 

Suporte Plástico para Crachá Vertical
Suporte Plástico para Crachá Vertical
P/N: SPV 

por apenas: R$ 0,65

     
RIBBON YMCKO-KO PARA IMPRESSORA SMART CH DUAL
RIBBON YMCKO-KO PARA IMPRESSORA SMART CH DUAL
P/N: 650719 

por apenas: R$ 645,00

     
DATACARD RIBBON DUAL SIDE (YMCKT-KT) PARA SD360 E SP75 PLUS
DATACARD RIBBON DUAL SIDE (YMCKT-KT) PARA SD360 E SP75 PLUS
P/N: 534000-006 

por apenas: R$ 695,00

     
 


 

 

 

 

 

 



Núvem de TAGS: