BRF dispara até 12% com follow-on e abre janela para Marfrig. Entenda
Analistas veem oportunidade para empresa de Marcos Molina elevar sua fatia na concorrente sem acionar cláusula que o obrigaria a realizar uma OPA com prêmio de 40%
As ações da BRF (BRFS3) sobem cerca de 5% na bolsa nesta manhã de sexta-feira, dia 17, (por volta das 11h30) depois que a empresa de alimentos informou ao mercado que pretende realizar uma oferta subsequente de ações (follow-on). A emissão de novas ações precisa ser aprovada pelos acionistas. Na abertura, a ação chegou a subir 11,8%.
A operação que vai reforçar a estrutura de capital da companhia atende aos anseios dos investidores, que esperam desde 2018 um alívio para a alta alavancagem da empresa. O destino dos recursos deve ser justamente o pagamento das dívidas, o que permitirá que a empresa retome seus planos de investimento em mercados alternativos.
?O follow-on resolve o problema de estrutura de capital que há anos argumentamos ser o grande limitador da capacidade da BRF de gerar valor para acionistas. Vemos como potencialmente positivo para o múltiplo de lucro por ação (EPS) já no primeiro ano, apesar da diluição [dos acionistas]?, avaliam em relatório analistas do BTG Pactual (BPAC11).
Anunciada na noite de ontem, a operação pretende captar mais de 6 bilhões de reais, com a emissão de até 325 milhões de ações (6,630 bilhões de reais ao preço de fechamento de quinta-feira, de 20,27 reais por ação). O follow-on ainda precisa ser aprovado pelos acionistas em assembleia marcada para o dia 17 de janeiro.
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A oferta também deve ser uma oportunidade para a concorrente Marfrig (MRFG3) aumentar ainda mais a sua participação na empresa. Em 21 de maio, a empresa controlada pelo empresário Marcos Molina adquiriu o equivalente a 24,33% das ações da BRF e, pouco dias depois, em 3 de junho, essa participação foi elevada para 31,66% do capital. Atualmente a Marfrig é a maior acionista da BRF.
A compra de novos papéis via follow-on é uma das poucas exceções que permite à Marfrig adquirir ações da BRF sem acionar a chamada ?poison pill?. A cláusula prevê que, uma vez adquirido um percentual acima de 33,33% das ações, o adquirente é obrigado a realizar uma oferta pública para aquisição de ações (OPA). O preço da OPA embutiria um prêmio de 40% sobre a média de preço das ações da BRF nos 30 pregões anteriores à oferta.
?De acordo com o estatuto social da BRF, o follow-on não aciona a poison pill, o que dá margem de manobra para a Marfrig comprar uma participação incremental sem estar sujeita ao prêmio de 40% sobre o preço médio dos últimos 30 dias, fixado nas regras da poison pill. Para ter uma participação próxima de 50%, não ficaríamos surpresos se virmos a Marfrig sendo agressiva neste follow-on?, afirmam os analistas do Credit Suisse em relatório.
Se a Marfrig dominar toda a oferta da BRF, sairia com 52% de participação na empresa, nos cálculos do BTG Pactual. A recomendação dos analistas é neutra para os dois papéis.