Pesquisadores da UFPR vão imunizar macacos, chimpanzés, tigres, leões, onças, pumas, babuínos, lontras e iraras com imunizante da farmacêutica Zoetis, que acaba de ser autorizada pelo MAPA
Pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) vão vacinar cerca de 80 animais do Zoológico Municipal e do Passeio Público de Curitiba contra a covid-19. São, principalmente, macacos, chimpanzés, tigres, leões, onças, pumas, babuínos, lontras e iraras, que pertencem aos grupos mais suscetíveis à infecção por SARS-CoV-2.
Foram solicitadas, inicialmente, 200 doses da vacina que podem começar a ser aplicadas ainda este mês. O estudo utilizará o imunizante da farmacêutica Zoetis, autorizada para uso experimental pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e já aplicada em zoológicos do país. Esta semana, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) autorizou a importação do imunizante para essa finalidade.
Segundo a UFPR, desde o início da pandemia, os integrantes do Projeto PetCovid-19 têm realizado acompanhamento de animais domésticos, selvagens e exóticos com o objetivo de monitorar a infecção por SARS-CoV-2 nesses grupos.
A pesquisa identificou que cerca de 15% dos animais, que tiveram contato próximo com tutores positivos para o coronavírus, foram infectados. Apesar dos resultados, foi descartada a transmissão de animal para ser humano e, até o momento, não há evidências de mortes de cães e gatos causadas pelo vírus no Brasil, com raros relatos no mundo todo.
No entanto, registros de mortes por complicações decorrentes da Covid-19 em leopardos, nos Estados Unidos, e evidências, registradas também nos EUA e na Europa, de que ratos selvagens e visons tornaram-se reservatório do vírus, o que significa que podem transmitir SARS-CoV-2 para seres humanos, alertaram os pesquisadores brasileiros.
De acordo com os cientistas, primatas, felinos e mustelídeos (como lontras, ariranhas e texugos) são muito sensíveis ao novo coronavírus:
?Com a transição da pandemia de Covid-19 para uma endemia, animais não vacinados estão expostos ao contato com visitantes e funcionários. Por isso, acreditamos que haja risco permanente de infecção em animais selvagens nativos e exóticos, particularmente lontras, ariranhas, furões e doninhas da fauna nativa brasileira?, destacou Alexander Biondo, coordenador do PetCovid e professor de Medicina Veterinária da UFPR, em entrevista ao portal da UFPR.
O projeto-piloto, que deve ser executado em Curitiba, pode servir para preparar o MAPA para uma possível vacinação em massa dos animais mais suscetíveis que habitam zoológicos, santuários, reservas e instituições de pesquisa no Brasil. Os pesquisadores do projeto PetCovid enfatizam que, até o momento, não há necessidade de vacinação contra o SARS-CoV-2 em cães e gatos.