Um dia depois do governador do Rio, Cláudio Castro (PL), e do prefeito Eduardo Paes (PSD) confirmarem os desfiles na Marquês de Sapucaí com regras sanitárias, a Riotur oficializou nessa quinta-feira que cada uma das 12 escolas do Grupo Especial receberá um subsídio de R$ 1,5 milhão como incentivo cultural. Os valores constam de despachos publicados no Diário Oficial, com data retroativa a segunda-feira. Na última edição da festa em 2020 ? a folia foi cancelada este ano por causa da pandemia de Covid-19 ?, o ex-prefeito Marcelo Crivella não liberou recursos para a elite do carnaval carioca.
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Nesta quarta, Paes disse que os desfiles na Sapucaí estão garantidos, caso não ocorram mudanças em relação à pandemia da Covid-19. Os cortejos dos blocos de rua, no entanto, ainda estão sob análise. De acordo com o prefeito, eventos como os bailes em ambientes fechados e os desfiles na Marquês de Sapucaí podem ter controle para a cobrança do passaporte de vacinação e/ou testes para o público, exigências feitas, por exemplo, para as torcidas nos estádios em partidas de futebol. Tais regras, no entanto, não teriam controle nos blocos, por isso ainda terão análise detalhada.
Castro afirmou, também na quarta, que as decisões sobre o carnaval de 2022 serão tomadas até 15 de janeiro, em reunião com Paes. O governador disse concordar com o prefeito do Rio sobre o controle no acesso aos desfiles.
? Eu e o prefeito temos uma posição similar em relação ao Carnaval das escolas de samba. Entendemos que é possível controlar a Marquês Sapucaí, como medidas como a exigência do passaporte vacinal. A praia, o Maracanã estão abertos. Por isso, acreditamos na viabilidade do sambódromo. Sobre o carnaval de rua, ainda precisamos debater e ficar de olho nos índices da Covid, já que não será possível exigir passaporte a ninguém. Esta decisão será tomada à frente ? disse.
Os ingressos das frisas e camarotes já estão esgotados. De acordo com a Liesa, mais da metade dos ingressos para as arquibancadas já foi vendida. A Liga trabalha com a possibilidade de exigir comprovante de vacinação para espectadores e componentes das escolas de samba.
Sem subsídio em 2020
Em agosto de 2019, o então prefeito Marcelo Crivella anunciou o corte de subsídios para escolas de samba que desfilariam na Marquês de Sapucaí na folia de 2020. Na época, ele justificou que "As escolas do Grupo Especial não vão mais receber subvenção da prefeitura, que decidiu que não vai dar mais subvenção para nenhum evento que cobre ingresso". O repasse foi mantido para as agremiações dos grupos que se apresentaram na Avenida Intendente Magalhães, na Zona Norte do Rio.
O Grupo Especial vinha sofrendo queda no orçamento de repasses. Passou de R$ 2 milhões em 2017 ? autorizados na gestão anterior de Eduardo Paes ? para R$ 1 milhão em 2018 e R$ 500 mil para cada escola em 2019.
Do outro lado da ponte, no entanto, a folia teve apoio, e com fartura. A Viradouro, campeã do carnaval 2020, recebeu R$ 2,5 milhões do município. O próprio prefeito da cidade à época, Rodrigo Neves, desfilou na escola, com camisa da diretoria. O enredo "Viradouro de alma lavada" falou sobre as Ganhadeiras de Itaupã, geração de mulheres que lavavam roupa na Lagoa do Abaeté, em Salvador, na Bahia, e faziam outros serviços em busca da compra de sua alforria.
No mesmo ano, a Acadêmicos do Cubango, que estava no acesso, contou com R$ 1,8 milhão, enquanto a Acadêmicos do Sossego recebeu R$ 1 milhão da Prefeitura de Niterói.