A planejadora financeira Paula Bazzo indica cinco pontos que não podem ser ignorados pelos empreendedores na hora de planejar as finanças do próximo ano
Por Paula Bazzo, planejadora financeira
Entramos na reta final do ano e o término e reabertura de ciclos costumam ser marcos propícios para refletir sobre os nossos objetivos. Isso vale para a vida e, obviamente, para os nossos negócios.
Falar em planejamento financeiro pode causar uma certa aversão para muitos empreendedores que não se consideram com tanta familiaridade no assunto e atribuem a este planejamento um processo muito complexo. Gostaria de usar este espaço para te convidar a pensar nas finanças do seu negócio para o próximo ano tentando fazer um planejamento simples, mas eficiente.
Um planejamento que dê direcionamentos e objetivos de trabalho, de forma que você consiga compartilhar com sua equipe quais são os indicadores que confirmam se vocês todos estão caminhando na mesma direção, e se essa direção é a que você deseja para o seu negócio. E mesmo que você não tenha funcionários, ela é uma excelente ferramenta para determinar sua própria métrica.
Assim como acontece quando vamos viajar, para saber o caminho que temos que tomar é necessário saber onde estamos. Se hoje você está míope para a situação financeira atual, recomendo fazer um diagnóstico identificando ao menos o seu faturamento, as suas despesas e se o resultado entre entradas e saídas de dinheiro no mês a mês foi positivo ou negativo. Neste estágio de gestão, as metas financeiras podem passar por estruturar adequadamente um orçamento e um fluxo de caixa anual.
Mas vou supor que este controle já faz parte da sua rotina do negócio. A partir dessa premissa, compartilharei 5 componentes que considero fundamentais na construção do planejamento financeiro da sua empresa para o novo ano.
O que não pode faltar em um planejamento empresarial das PMES
1. Faturamento
O faturamento está vinculado com o volume de vendas. Por si só, não é uma métrica significativa. Vender muito não significa necessariamente resultado positivo ao final do período. Contudo, se vem acompanhado dos demais indicadores mencionados aqui, desenhar objetivos de expansão de faturamento pode ser uma ótima forma para determinar como acontecerá o crescimento e/ou sustentabilidade do negócio e desdobrar metas de vendas.
Acompanhar o faturamento por produto/serviço é uma opção que contribui para a clareza de onde colocar mais energia no seu processo comercial. Trabalhar muito para vender algo que não lhe traga retorno, se não estiver combinado com uma estratégia (por exemplo, produto de entrada para captação de clientes), traz a sensação (muitas vezes real) de trabalhar muito e ganhar pouco.
Exemplos de objetivos voltados à faturamento são: expansão de receitas, expansão de faturamento em uma linha de produto, solução de períodos de sazonalidade e assim por diante.
2. Custos de produção/serviço
Uma forma de aumentar a lucratividade do seu negócio é otimizando os custos envolvidos na produção ou serviço entregue ao cliente. Ter os custos sob gestão também é importante para saber se a precificação que você vem praticando está adequada. Se hoje você não possui uma gestão de custos de produção/serviço, esta passa a ser a sua meta a partir do novo ano (ou desde já!).
No livro Sonho Grande, o Marcelo Sicupira fala uma frase que considero muito adequada: ?Custos são que nem unha, tem que cortar sempre?. Reduzir custos de produção não tem a ver, necessariamente, com comprar produtos mais baratos. Isso pode até ser um objetivo, mantendo a qualidade desejada! De toda forma, outros exemplos deste item é redução de desperdícios, melhoria de mão de obra, melhoria de processos de execução, redução de manutenção de equipamentos entre outros.
3. Margem de contribuição
Alcançar uma margem de contribuição desejada pode ser o racional por trás das metas de aumento de faturamento e redução de custos. Ela é a consequência de custos otimizados e ciclos de produto e financeiro bem alinhados. Se você trabalha com muitos produtos, escolha os 20% mais significativos do seu faturamento e comece por aí.
4. Despesas Fixas
Manter as despesas fixas dentro de um valor adequado para a empresa pode ser a diferença entre passar bem por meses mais áridos ou sucumbir a desafios de sazonalidade. Como esse tipo de despesa ocorre independente do volume de vendas, e alvo importante para uma boa gestão de custos do negócio como um todo. Reduzir custos de aluguel, migrar de plano de telefonia, orçar a substituição de operadoras de seguro e saúde poderiam entrar nestas metas.
5. Lucratividade
Como está a lucratividade do seu negócio do ano anterior em relação a esse? Como ela está em comparação com seu setor? Essas são algumas reflexões que podem ajudar na definição da meta de lucratividade do seu negócio. Afinal, de nada adianta investir seu tempo, energia e dinheiro se o negócio não lhe remunera adequadamente.
Que tal parar por duas horas e se dedicar a traçar de uma a três metas para cada um desses tópicos? Depois de determinar o que fazer, não esqueça de quantificar (quanto) e de atribuir uma data desejada de realização (quando). Você planeja um novo ano mais próspero.
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