Chamada de Monalisa, construção tem 37 suítes com closets, parque aquático, adega subterrânea, capela, lago e floresta de eucaliptos
Previsto para ocorrer em 30 de dezembro deste ano, o leilão do castelo erguido pelo ex-deputado federal Edmar Moreira foi suspenso. Agora, o imóvel foi colocado à venda direta por R $40 milhões. O valor é R$ 10 milhões a mais que o lance inicial caso fosse leiloado.
O castelo do ex-parlamentar fica no distrito de Carlos Alves, zona rural do município de São João Nepomuceno, na Zona da Mata Mineira. Moreira causou polêmica em sua passagem pela Câmara, foi alvo de investigações e ficou conhecido como o "deputado do Castelo" após a existência do imóvel vir à tona.
O leiloeiro Dilson Marcos Moreira, da Casa Leiloeira, disse que a venda direta permite a seleção dos interessados. A pessoas entram em contato e os corretores levam para visitação.
? O proprietário achou melhor e pediu para mudar o formato. Algumas pessoas já entraram em contato mas não posso dizer se vai ser vendido ou não ? afirmou Moreira.
O Castelo da Monalisa passou para o nome dos filhos de Moreira em 1993, segundo declarações dadas pelo advogado Sérgio Augusto Santos Rodrigues. Leonardo e Júlio Moreira tornaram-se herdeiros da construção. Leonardo morreu em dezembro de 2020.
Castelo Monalisa
Há dez anos, a construção havia sido colocada à venda por R$ 20 milhões. De acordo com a descrição do lote, o local é um "complexo turístico com parque aquático e castelo".
O terreno, com lago, é do tamanho de 268 campos de futebol. O chamado Castelo Monalisa tem 12 torres, 37 suítes com closet, hall de circulação, três grandes salas, cozinha industrial, bar, salão com churrasqueira, vestiários para funcionários, ducha escocesa, adega subterrânea, casa de máquinas, garagem coberta, capela, chafarizes, ar-condicionado central e floresta composta por eucaliptos.
Em 2009, Leonardo Moreira, que era ex-deputado estadual, abriu as portas do castelo para o programa Fantástico, da TV Globo. No primeiro andar, há um enorme salão e, embaixo, a adega com capacidade para oito mil garrafas. Ao todo, são seis andares de construção que, na época, ainda estavam com as paredes sem pintura, fiação exposta e buracos no teto. Os elevadores também não estavam funcionando.
Trinta e duas suítes ficam no segundo andar e outras quatro, numa torre. No último andar fica a principal suíte triplex.
Imóvel não constava em declaração de bens
Edmar Moreira foi deputado federal pelo DEM. Seu primeiro mandato foi em 1991, um ano após o término da construção do castelo. Em fevereiro de 2009, ele tomou posse como corregedor da Câmara dos Deputados e gerou controvérsia ao afirmar que parlamentares não podem investigar e punir seus colegas de Casa devido ao que ele classificou como ?vício insanável da amizade?.
Dias depois, a informação sobre o castelo construído pela família do então parlamentar foi veiculada pela imprensa, incluindo o fato de que o lugar não constava da declaração de bens de Moreira. Na declaração de bens do filho dele, o ex-deputado estadual Leonardo Moreira, ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Minas, em 2006, constava a posse de um terreno na área rural de Carlos Alves no valor de R$ 3,1 milhões.
Na de Edmar Moreira, aparecia um imóvel no valor R$ 17,5 mil, no mesmo distrito, em uma praça a cerca de dois quilômetros do castelo. O ex-deputado federal havia declarado bens de aproximadamente R$ 9,5 milhões, incluindo ações, imóveis, veículos, aplicações financeiras e dinheiro em espécie.
Após o episódio, Moreira foi expulso do DEM e investigado por uma série de irregularidades. Pressionado, ele renunciou aos cargos de corregedor e vice-presidente da Mesa Diretora da Câmara.