Banco digital acerta parcerias com gigantes como Magazine Luiza e AliExpress em estratégia para aumentar a recorrência de seu cliente e ampliar a base de usuários, às vésperas de IPO em NY
A duas semanas da estreia prevista na Bolsa de Nova York, o Nubank continua a acelerar o seu plano de crescimento. O banco digital acaba de entrar no segmento de marketplace, como é conhecida a plataforma virtual em que são vendidos produtos e serviços de terceiros.
A nova frente de negócios do Nubank entra em operação nesta terça-feira, dia 23, já com gigantes do e-commerce como Magazine Luiza (MGLU3) e a chinesa AliExpress como parceiros com produtos para vender em seu aplicativo.
Outros parceiros são a Dafiti, de roupas e calçados, e a Allied, uma das maiores distribuidoras de smartphones do país, com marcas como Samsung, Motorola e Xiaomi, entre outras.
Com o marketplace, o Nubank pretende ampliar de maneira expressiva a recorrência de uso do aplicativo pelos clientes, o que, por tabela, colabora para o aumento do uso de serviços financeiros na sua plataforma.
"Estamos sempre procurando maneiras de melhorar a vida de nossos clientes, tornando as experiências mais simples e proporcionando maior valor pelo seu dinheiro", disse David Vélez, CEO e fundador da Nubank.
"Com essa nova vertical, podemos fornecer esses serviços em muitas outras áreas de suas vidas."
Da base de 48,1 milhões de clientes do Nubank ao fim do terceiro trimestre, em setembro, 35,3 milhões eram considerados usuários ativos mensais, o que sinaliza que a execução do plano estratégico de ampliar o número de produtos e serviços está surtindo efeito no objetivo de elevar o engajamento dos clientes e, consequentemente, rentabilizar a operação.
Desde julho, o banco passou a oferecer serviços financeiros como transferências internacionais, por meio da Remessa Online, e empréstimo com garantia de veículo, por meio da Creditas.
Essa é uma das principais dúvidas do mercado a respeito do potencial da operação do Nubank, que, em seus primeiros anos, foi conhecido e ganhou escala rapidamente com apenas um produto, o cartão de crédito.
A chamada ARPAC (receita média mensal por cliente ativo) ficou em 4,9 dólares nos três meses encerrados em setembro. O valor sobe para a faixa entre 23 e 34 dólares em setembro passado para clientes com maior relacionamento, incluindo o cartão de crédito, a conta e empréstimos.
Ainda assim, há um desafio pela frente para elevar esses valores com um modelo que não cobra tarifas de serviços dos clientes. Nos bancos incumbentes, na média mensal do primeiro semestre, o valor é dez vezes maior.
A estratégia de juntar serviços financeiros com produtos de outras áreas já tem sido adotada com sucesso por players das duas frentes: do setor financeiro, como Inter (BIDI11, BIDI4), BTG+, Itaú Unibanco (ITUB4) e C6 Bank; e do e-commerce, como o próprio Magazine Luiza, além de Mercado Livre (com o Mercado Pago) e Via (VIIA3).
Um movimento agressivo feito nessa direção aconteceu há pouco mais de um mês, com a compra da Mosaico (MOSI3), maior empresa em conteúdo e originação de vendas de e-commerce do país, pelo Banco Pan (BPAN4). O objetivo: aumentar o engajamento do cliente e criar uma plataforma integrada de banking e consumo.
O Nubank está em fase final para abrir o capital em Nova York, com BDRs (recibos de ações listadas no exterior) negociados na B3. O valuation pretendido com a operação é de 50 bilhões de dólares, o que, se confirmado, colocará o Nubank como o mais valioso banco brasileiro, à frente de Itaú Unibanco e Bradesco (BBDC4).
O banco digital, um dos maiores do mundo e fundado em 2013 por Vélez, a brasileira Cristina Junqueira e o americano Edward Wible, pretende movimentar até US$ 3,657 bilhões de dólares com a oferta.