Desde a manhã deste domingo, 21, o aplicativo de votação virtual apresentou problemas e muitos não conseguiram votar
O PSDB decidiu parar o pleito para a escolha do candidato à presidência do partido, neste domingo, 21, após falhas no aplicativo de votação. Do total de 44.700 aptos a votar, apenas 3.700 conseguiram escolher um dos candidatos. Estes votos serão lacrados e computados posteriormente. O pleito será retomado em uma data que ainda será definida.
A primeira eleição para a escolha do presidenciável do partido foi em sistema híbrido, com o app, e presencial, com urna eletrônica em Brasília. A votação virtual começou às 7h deste domingo, 21, mas a partir das 8h o aplicativo de votação virtual apresentou problemas e muitos não conseguiram votar.
Uma reunião, que começou no meio da tarde, reuniu os três candidatos, João Doria, Eduardo Leite, e Arthur Virgílio, com o presidente do partido, Bruno Araújo, para definir o futuro das prévias.
Durante o encontro, que foi tenso, fontes ouvidas por EXAME disseram que a campanha de João Doria defendeu o adiamento, mas desde que a votação fosse concluída até o domingo, 28. Já uma ala da campanha de Eduardo Leite apoiou a ideia de adiamento para 2022.
Desde a manhã, o aplicativo de votação apresentou instabilidade e muitos filiados relataram que não conseguiram votar, mesmo realizando o procedimento dezenas de vezes. A principal falha foi constatada na etapa de tirar uma foto do eleitor, processo necessário para validar o voto. Os grupos de trocas de mensagens do partido estavam repletos de relatos deste problema.
Por conta da falha, ainda pela manhã, o PSDB decidiu estender das 17 horas para às 18 horas o horário limite para a votação remota dos filiados. Mais cedo, o partido já tinha mudado o limite de 15 horas para 17 horas. No início da tarde, a instabilidade diminuiu, mas a crise na parte política já estava instaurada.
O presidente do diretório estadual do PSDB de São Paulo, Marco Vinholi, disse que cerca de 26 mil credenciados (62% do total) no estado não conseguiram registrar o voto. "O nosso entendimento é de que o processo foi ruim. O filiado quer votar. Nós queremos a definição do candidato do partido", disse Vinholi em entrevista à EXAME.
Do total de eleitores inscritos a participar da votação, mais de 60% dos eleitores são paulistas, que em sua maioria apoiam Doria. O Rio Grande do Sul, terra que deve dar maioria ao governador gaúcho, tem 9% dos inscritos, e Minas Gerais, que também apoia Leite, tem 4% dos filiados inscritos a votar.
Apesar da maioria em números absolutos, a conta não é uma matemática simples. Os votos dos filiados contam como 25% do peso total, os deputados federais, senadores, vice-governadores e vice-governadores e ex-presidentes do partido somados também valem 25%, assim como o dos deputados estaduais. Já prefeitos e vereadores têm peso de 12,5%, cada, na escolha interna do PSDB.
Há uma expectativa de que Leite leve mais estados, com menos votos, e a maioria dos Senadores. Já Doria teria uma margem maior nos demais colégios eleitorais, e em estados mais populosos, como o que governa.
Campanhas já reclamaram do sistema
Membros do partido ligados ao governador gaúcho, Eduardo Leite, tentaram, há algumas semanas, pedir o adiamento do pleito, alegando falhas no aplicativo de votação, desenvolvido pela Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Faurgs).
A campanha de João Doria também reclamou do sistema de votação. A sugestão do grupo ligado ao governador paulista era usar o sistema da Justiça Eleitoral e distribuir urnas pelo país.
Desde que o app foi lançado surgiram reclamações relacionadas a seu funcionamento. Muitos filiados não estavam conseguindo baixar o app por terem celulares antigos, sem memória ou mesmo por não terem pacotes de dados suficientes.