Proteção da vacina diminui com o passar dos meses, especialmente naqueles com sistema imunológico comprometido, o que mostra a necessidade de uma terceira dose para proteger a população contra o coronavírus
Um novo estudo realizado por pesquisadores do Montefiore Einstein Cancer Center (MECC), nos Estados Unidos, indica que a maioria dos pacientes com câncer que tomaram uma terceira dose (ou dose de reforço) contra o coronavírus tiveram uma resposta imune melhor do que somente aqueles vacinados com duas doses.
Os pesquisadores do MECC vem publicando uma série de pesquisas com foco em pacientes com câncer e o vírus da pandemia desde maio de 2020. A mais recente, publicada na revista científica Cancer Cell, mostra que pacientes com câncer, especialmente aqueles com câncer no sangue, se beneficiam da dose de reforço contra a covid-19.
No Brasil, o Ministério da Saúde acaba de anunciar que todos a partir de 18 anos serão elegíveis para a terceira dose, desde que tenham tomado a injeção anterior cinco meses antes. Até aqueles que tomaram dose única terão que se vacinar três vezes no total.
Imunossuprimidos ou idosos já podem tomar a terceira dose no Brasil. Como contam com um sistema imunológico mais fraco, a proteção da vacina diminui com o passar dos meses. A regra é a mesma para aqueles com câncer.
Como foi feito o estudo?
Separados em dois grupos, os participantes que receberam a dose de reforço tinham uma idade média de 69 anos e estavam quase igualmente divididos entre homens e mulheres. 65% tinham câncer no sangue e 35% tinham um tumor sólido.
No primeiro grupo, 99 pessoas completamente imunizadas tiveram a presença de anticorpos antivirais no sangue testada (indicativo da proteção da vacina). Para a maioria, os níveis de anticorpos caíram quando o teste foi repetido 4 a 6 meses depois.
O mesmo foi feito com o segundo grupo, com 88 pacientes com câncer totalmente vacinados. 64% tinham anticorpos detectáveis, enquanto o resto testou negativo.
Dos participantes, vale ressaltar que 70% foram vacinados com Pfizer, 25% com Moderna e 5% com Johnson & Johnson, de dose única.
Na terceira e última etapa, eles receberam a dose de reforço de uma vacina da covid-19. Um mês depois, 79,5% (70 de 88 pessoas) tinham níveis de anticorpos mais altos do que antes de receberem a dose extra. 56% dos que testaram negativo para a presença de anticorpos agora tinham eles novamente após a nova injeção.
"Nosso estudo demonstra em termos claros como a dose de reforço pode fazer toda a diferença para algumas pessoas com sistema imunológico comprometido, como pessoas com câncer", disse Balazs Halmos, diretor associado de ciências clínicas do MECC. "Acreditamos que essas descobertas ressaltam o benefício contínuo que as vacinas proporcionam a todos os nossos pacientes."