Magalu e Natura desabam após resultados; indicador do setor de serviços pesa sobre o índice
O Ibovespa fechou no azul pela segunda semana consecutiva, subindo 1,44% no acumulado mesmo com a queda desta sexta-feira, 12. Hoje, o principal índice da B3 recuou 1,17%, aos 106.334 pontos, operando no sentido contrário das bolsas internacionais, que fecharam o dia em alta. No mercado de câmbio, o dólar acompanhou a valorização que mostrou frente a outras moedas emergentes e avançou 0,97%, a 5,457 reais.
A queda de hoje foi impactada por resultados decepcionantes na temporada de balanços do terceiro trimestre ? em especial de Magazine Luiza (MGLU3) e Natura (NTCO3). As preocupações se somaram à divulgação do indicador do setor de serviços em setembro, que registrou a primeira queda mensal em cinco meses, trazendo ainda mais volatilidade para o índice.
Vale lembrar que os investidores operaram com mais cautela no pregão desta sexta, buscando proteger as carteiras antes do feriado da proclamação da República na próxima segunda-feira, 15, quando não haverá pregão.
Americanas X Magalu
Na bolsa, o foco voltou a ser a temporada de balanços do terceiro trimestre com os papéis das Americanas (AMER3) e Lojas Americanas (LAME4) liderando as altas, subindo 5,83% e 5,61%, respectivamente, enquanto os da Magazine Luiza (MGLU3) entre as lideraram as perdas, caindo 18,32%. Ambas as varejistas divulgaram balanços do terceiro trimestre na última noite.
No período, a Magazine Luiza teve 90% de queda de lucro na comparação anual, já a Americanas multiplicou seu lucro, que era de 36 milhões no terceiro trimestre de 2020, para 240,6 milhões de reais.
"A Americanas conseguiu apresentar um resultado melhor em relação ao segundo trimestre e com crescimento do GMV digital acima do Magazine Luiza e do Mercado Livre, o que nos surpreendeu de forma positiva, diz Pedro Serra, analista da Ativa, em relatório. "O resultado das lojas físicas também foi um destaque positivo, principalmente, considerando que esse trimestre não foi bom para seus concorrentes."
Para analistas do BTG Pactual Digital, o resultado mais fraco da Magazine Luiza foi influenciado por pressões inflacionárias e cenário competitivo de curto prazo no e-commerce brasileiro.
"Ainda vemos volatilidade para players locais de e-commerce no curto prazo, mesmo após a recente correção, com as ações caindo 45% no acumulado do ano", afirmam em relatório. Por outro, no longo prazo, a perspectiva para os papéis é positiva. Com recomendação de compra e potencial de alta de mais 100%, eles classificam a ação como "uma das principais teses estruturais em nosso universo de cobertura".
Maiores altas
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Maiores quedas
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Americanas |
AMER3 |
5,83%
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Magazine Luiza |
MGLU3 |
-18,32%
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Lojas Americanas |
LAME4 |
5,61%
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Natura |
NTCO3 |
-17,54%
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Carrefour |
CRFB3 |
3,15%
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Méliuz |
CASH3 |
-9,37%
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Natura desaba
Outra ação que desabou nesta sexta foi a da Natura (NTCO3), que caiu 17,54%, após o resultado trimestral, divulgado na última noite, ter saído abaixo das expectativas. Na véspera, a empresa informou em fato relevante que estuda migrar sua listagem primária para a Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), deixando no Brasil apenas BDRs.
Também reagem negativamente aos balanços trimestrais Lojas Renner (LREN3) e IRB (IRBR3), que caíram 5,01% e 5,79% neste pregão.
Setor de serviços decepciona
No cenário macro, economistas brasileiros avaliaram números negativos no setor de serviços. Referente ao mês de setembro, os dados divulgados pelo IBGE apontaram para uma contração mensal de 0,6% do setor ante expectativa de crescimento de 0,5%. Na comparação anual, a alta foi de 11,4%, abaixo da expansão esperada de 13,5%. A divulgação ocorre um dia após a publicação das vendas do varejo de setembro, que também frustraram o mercado.
"Com o número de hoje temos os dados fechados do terceiro trimestre das principais pesquisas do IBGE e é seguro dizer que a economia parou no trimestre encerrado em setembro", afirma em nota André Perfeito, economista-chefe da Necton. Segundo ele, os números negativos da atividade econômica devem desencorajar o Banco Central a endurecer ainda mais seu ciclo de alta de juros.
"O Brasil está sem nenhum polo dinâmico no momento e com a renda em queda por conta da inflação e do elevado desemprego o prognóstico se mantém de desaceleração. Neste sentido, a alta de juros se mostra inócua uma vez que a inflação não se trata de demanda aquecida, pelo contrário", acrescenta.