Inova e ação: você conhece o Sr. Beta?
É preciso criar uma nova ótica para a inovação e analisar a partir de indicadores tradicionais
Por Hugo Tadeu*
Virou uma grande obsessão analisar o valor futuro das empresas, em especial, as startups. No jargão técnico, as práticas de valuation têm sido adotadas por fundos de investimentos em busca do preço ideal de ativos.
Ao tratar o tema ?fundos de investimento?, destaco uma separação entre os fundos de venture capital (VC), focados em empresas nascentes, private equity (PE), em busca de organizações maduras e com amplo potencial de crescimento, e finalmente, nas estruturas de corporate venture capital (CVC), quando empresas bem estabelecidas criam seu portfólio próprio de alocação de recursos em inovação. Este tema não é exaustivo e ainda poderia ser mais aprofundado.
Para alcançar as boas práticas do CVC, não basta ter disponibilidade de caixa para investimento em inovação. É preciso alcançar um bom nível de maturidade na gestão da inovação, isto é, clareza da estratégia, processos, projetos, indicadores, cultura, parcerias e equipes. Chamo atenção que o suporte das ditas áreas de apoio também é determinante, destacando as equipes de compras e do jurídico.
Apesar do sucesso destes fundos, a busca por uma metodologia universal para avaliação de investimentos e retorno sempre é perseguida. No caso da inovação, percebe-se a adoção do modelo clássico de alocação de capital, considerando critérios de análise como geração esperada de caixa, risco setorial, risco sistêmico da economia, entre outros. Aliás, existe um prêmio Nobel de economia com absoluta relevância acadêmica no tema.
No entanto, e em termos práticos, o cálculo de critérios médios, como o risco setorial (o Sr. Beta em questão), pode não dizer muita coisa para as empresas incumbentes. Ou seja, analisar uma boa ideia ou projeto nascente a partir destes modelos técnicos pode ser uma ótima atividade para auditores, não para potenciais investidores e com amplo apetite ao risco.
De uma forma geral, adotar uma boa avaliação da capacidade da nova empresa em atrair novos clientes e mercados, estimativas de receita recorrente, caixa para investimentos potenciais e a tradicional satisfação do cliente poderia ser mais simples, objetivo e com resultados melhores.
Finalmente, uma das melhores formas em precificar uma empresa nascente seria avaliar o potencial de clientes, a sua obsessão pelo atendimento e a alta qualidade dos fundadores. O difícil nesta agenda é convencer analistas financeiros, tão acostumados com negócios tradicionais e planilhas eletrônicas a fazer o mesmo. Recomenda-se uma nova ótica para a inovação e a partir de indicadores tradicionais.
*Hugo Tadeu é professor e Pesquisador da Fundação Dom Cabral
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