Pela primeira vez, a cidade fez um modelo matemático para ter uma estimativa de público, baseado na quantidade de pessoas por metro quadrado
A prefeitura de São Paulo apresentou, nesta terça-feira, 5, os preparativos para a realização do carnaval de rua em 2022. A previsão é ter mais de 500 blocos e uma movimentação de 15 milhões de pessoas. De acordo com o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, a realização ainda depende da avaliação da secretaria e da Vigilância Sanitária.
"A fotografia da pandemia precisa ser analisa no momento em que esses fatos deverão ocorrer. Nós estamos hoje em uma média diária de casos de 562. Já foi 6.964 em março. Toda a estratégia sanitária precisamos avaliar na hora. O que precisamos fazer agora é planejar", disse Edson Aparecido em coletiva de imprensa.
De acordo com dados da prefeitura atualizados na segunda-feira, 4, a cidade tem 7,2 milhões de pessoas com o esquema de vacinação completo (duas doses ou dose única), o que equivale a 81% de quem tem mais de 18 anos. Além disso, mais de 10,3 milhões com pelo menos a primeira dose, o que dá toda a população adulta da cidade. Outras 200 mil pessoas já receberam a dose adicional.
Plano
Segundo o secretário municipal de Subprefeituras, Alexandre Modonezi, o carnaval em São Paulo cresceu muito nos últimos anos, passando de 3,5 milhões de pessoas, em 2017, para 15 milhões, em 2020. Além disso, 80% do público está concentrado em 10% dos blocos.
"A prefeitura precisa se preparar melhor. Em 2020 foram 570 blocos em 8 dias. A região central recebeu de 240 blocos. Nós mantivemos as mesmas áreas dos anos anteriores e fazer um levantamento de densidade do público para cada trajeto", explicou Modonezi, em entrevista coletiva.
A inscrição dos blocos vai começar a partir do dia 15 de outubro, e a lista dos aprovados sairá no dia 28 de novembro.
Pela primeira vez, a cidade fez um modelo matemático para ter uma estimativa de público, baseado na quantidade de pessoas por metro quadrado. Isso ajuda a estabelecer uma série de regras e planejamento.
Sanitarista defende a não realização
Enquanto as prefeituras das maiores cidades do país debatem a realização do carnaval em 2022, o médico sanitarista Gonzalo Vecina defende a não realização do evento no próximo ano. Segundo ele, não há como controlar aglomerações, uso de máscara e garantir a participação somente de pessoas totalmente vacinadas.
?Carnaval é algo que você não controla, um evento de massa muito solto. Não vejo a possibilidade de ter carnaval em 2022. O São João, no meio do ano, é possível, mas difícil. Teremos espaço para jogos de futebol com torcida, teatro, eventos em que há controle?, diz Vecina, que é uma das maiores autoridades em saúde pública no país e foi presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) entre 1999 e 2003.
Apesar de defender a não realização do carnaval no próximo ano, Vecina pondera que os desfiles de escolas de samba no Rio de Janeiro e em São Paulo podem ser feitos sob protocolos de segurança.
?Para quem vai estar na arquibancada, é um evento discutível. As pessoas precisam estar vacinadas. Mesmo assim existem riscos. Também pode-se exigir um teste negativo de RT-PCR, mas não vejo obrigatoriedade da testagem?, afirma.
O secretário municipal, Edson Aparecido, avalia que ainda não há como prever se haverá obrigatoriedade de vacinação. "Não podemos fazer quatro meses antes a avaliação. Vamos ver a questão da vacinação, do quadro, no momento", disse.