Mato Grosso do Sul e São Paulo são as duas primeiras unidades da federação a ter mais da metade da população imunizada com duas doses ou dose única
Por Marcelo Tokarski*
O Brasil atingiu neste domingo o patamar de 40,7% da população com o esquema vacinal completo (duas doses ou dose única). No total, 67,8% dos brasileiros já tomaram pelo menos a primeira dose de alguma das vacinas contra a covid-19. Com bastante atraso, alguns estados brasileiros começam a apresentar índices de vacinação semelhantes aos de países que iniciaram bem antes suas campanhas de imunização.
Mato Grosso do Sul (55,6%) e São Paulo (53,9%) são as duas primeiras unidades da federação a ter mais da metade da população imunizada com duas doses ou dose única. Já com pelo menos a primeira dose, lideram o ranking de vacinação os estados de São Paulo (78,6%) e do Rio Grande do Sul (70,5%), além do Distrito Federal (70,2%).
Os números são um alento e mostram que, apesar de todas as dificuldades, é muito pequena a resistência à vacinação contra a covid-19 no Brasil. Vamos pegar como exemplo os Estados Unidos, um dos países que começaram mais cedo seu processo de vacinação, mas que também tem características continentais e uma população grande.
Até aqui, 65% dos norte-americanos tomaram ao menos a primeira dose, patamar agora ultrapassado pelo Brasil. Lá, apenas 56% das pessoas estão imunizadas com as duas doses, patamar já atingido aqui pelo Estado do Mato Grosso do Sul. Em função da alta resistência de parte da população norte-americana em relação às vacinas, o ritmo de crescimento da população totalmente imunizada é bastante lento.
Para se ter uma ideia, os Estados Unidos levaram dois meses para saltar de 50% para 56% o percentual de população com duas doses ou dose única. Aqui, subimos 6 pontos percentuais em duas semanas. A tendência é que dentro de seis semanas o Brasil chegue a quase 60% da população totalmente imunizada. Ainda bem.
Pesquisas feitas com a população sempre mostraram a alta adesão dos brasileiros à vacinação. Por aqui, a fatia de negacionistas é inferior a 10% da população acima de 16 anos. Nove em cada dez brasileiros querem se vacinar, provavelmente fruto de um histórico bem-sucedido de campanhas de vacinação contra várias doenças.
É de se esperar que o Brasil chegue a esse percentual de vacinados. Seja pelas pesquisas de intenção, seja pelo exemplo de Portugal, que como o Brasil sempre teve campanhas fortes de vacinação em massa. Os portugueses são a população mais vacinada no planeta (em termos proporcionais): 87% já tomaram ao menos uma dose e 84%, as duas doses ou dose única. Potencial para atingir esse patamar o Brasil tem.
Casos e mortes
Enquanto a vacinação segue avançando, os números da pandemia continuam controlados no Brasil. Após o efeito estatístico da inclusão de casos retroativos pelo Estado do Rio de Janeiro, a média móvel de novos casos registrados voltou ao nível de 16 mil por dia, um dos menores de toda a pandemia. Já o número de mortes por covid-19 está estável há duas semanas, tendo chegado neste domingo a 527 óbitos por dia. Desde 14 de setembro a média diária se mantém próxima de 500 mortes. Hoje, a média de óbitos cresce em dez estados e no Distrito Federal, diminui em dez e se mantém estável em seis.
Nas próximas semanas, saberemos se estamos diante de um novo platô ? período em que a média fica estável por bastante tempo ? ou se voltaremos a registrar recuo nos indicadores. Com o avanço da vacinação, o segundo cenário é o mais provável. Mas nessa pandemia não tem sido bom ter previsões otimistas.
*Marcelo Tokarski é sócio-diretor do Instituto FSB Pesquisa e da FSB Inteligência
Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.
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