O ator americano será testemunha em um julgamento no qual o político italiano é acusado de bloquear ilegalmente os migrantes no mar quando integrava o governo em 2019
O ex-ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, disse neste domingo (26) que o ator americano Richard Gere será testemunha em um julgamento no qual o político italiano é acusado de bloquear ilegalmente os migrantes no mar quando integrava o governo em 2019.
"Richard Gere testemunhará contra mim no julgamento do [caso] Open Arms em 23 de outubro em Palermo", na Sicília, revelou Salvini, segundo declarações divulgadas pela agência italiana Ansa.
"Eu o conheço como ator, mas não entendo que tipo de lições ele quer me dar", acrescentou o líder do partido de extrema direita Liga.
"Se alguém quer transformar o julgamento em um espetáculo e quer ver Richard Gere, que vá ao cinema, não a um tribunal", comentou Salvini, que, em tom de brincadeira, também disse que pediria ao ator "um autógrafo" para sua mãe.
Salvini é acusado de sequestro e abuso de poder por proibir o desembarque de 147 migrantes resgatados no Mar Mediterrâneo pela ONG espanhola Open Arms em agosto de 2019.
Durante seis dias, Salvini se negou a conceder a permissão de atracar em um porto seguro ao navio da ONG, que ficou ancorado em frente à ilha de Lampedusa, ao sul da Sicília, enquanto as condições das pessoas a bordo se deterioravam.
Salvini sustenta que agiu pelo bem da Itália e para dissuadir os migrantes de tentarem a perigosa travessia do Mediterrâneo.
Richard Gere, por sua vez, esteve no barco da Open Arms em agosto de 2019 para oferecer apoio aos migrantes, o que gerou críticas de Salvini na época.
O julgamento teve início em 15 de setembro em Palermo, mas acabou sendo adiado no mesmo dia para 23 de outubro. No processo estão representadas 23 partes civis, entre elas nove migrantes que estavam a bordo do navio.
Salvini entrou no governo italiano em 2018, através da coalizão da Liga com o Movimento 5 Estrelas (M5E), mas foi o epicentro de uma crise governamental em agosto de 2019, com a esperança de modificar o equilíbrio de forças em uma votação parlamentar antecipada.
A manobra, contudo, não deu certo e o M5E conseguiu formar um novo governo com o Partido Democrata (PD, de centro-esquerda). Este, no entanto, foi substituído no início de 2021 por um governo de ampla coalizão, que inclui a Liga e é dirigido pelo ex-presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi.