Transição de refinarias de petróleo para biocombustíveis, como o diesel renovável, criou uma demanda doméstica crescente pelo derivado da soja, o que reduziu as exportações
Por Kim Chipman, Michael Hirtzer e Dominic Carey, da Bloomberg
As exportações de óleo de soja dos Estados Unidos despencaram para o nível mais baixo em 24 anos como resultado do maior uso do diesel pela indústria doméstica de combustíveis fósseis.
A transição de refinarias de petróleo para biocombustíveis, como o diesel renovável, criou uma demanda doméstica crescente pelo derivado da soja, o que reduziu as exportações. Desde 1997 as exportações de óleo de soja não eram tão baixas, segundo dados mais recentes do governo.
Gigantes como Exxon Mobil buscam aproveitar incentivos para combustíveis de baixo carbono na Califórnia, no Noroeste do Pacífico e no Canadá. Isso aumenta a concorrência pelo óleo de soja, tornando a commodity tradicionalmente usada em óleo de cozinha mais atraente para vendas no mercado doméstico.
?Se olharmos para a valorização do óleo de soja, é completamente diferente hoje do que teria sido no ano passado ou há dois anos?, disse Michael Swanson, economista-chefe agrícola do Wells Fargo, em entrevista.
O interesse para conseguir uma fatia do mercado de combustíveis líquidos de baixas emissões não deve desaparecer tão cedo. Mais de US$ 2 bilhões em investimentos estão planejados como parte de uma expansão sem precedentes da capacidade de esmagamento de soja na América do Norte, estimulando uma ?alta demanda consistente? para produtores de sementes oleaginosas, disse o Rabobank na quinta-feira.
O mercado deve conseguir absorver a maior oferta, mas as exportações de soja da América do Norte vão cair, segundo o banco.
As exportações de óleo de soja dos Estados Unidos este ano mostram queda para a maioria dos principais clientes internacionais: a Coreia do Sul importou 28% menos, e as vendas para a República Dominicana e México caíram mais de 50% nos primeiros sete meses de 2021 em comparação com o ano anterior, de acordo com dados do Departamento de Agricultura dos EUA.
Processadores americanos costumavam esmagar soja para produzir farelo destinado à ração de aves e suínos, mas agora estão priorizando o óleo. Isso causa um acúmulo de farelo de soja e lembra o embate dos alimentos contra combustíveis há uma década, quando a indústria do etanol à base de milho começou a se expandir.
A demanda por óleo de soja elevou os futuros em cerca de 70% nos últimos 12 meses. A forte demanda também atinge redes de fast-food, que estão pagando mais por alguns ingredientes importantes. Em junho, a controladora do Burger King e Popeyes disse que os preços de itens básicos como maionese subiram muito.
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