A especialista Paula Bazzo explica o que é preciso considerar ao decidir delegar o controle das finanças do empreendimento e contratar alguém para isso
Por Paula Bazzo, planejadora financeira
Você acorda todo dia relativamente cedo, toma um bom café preto e começa as suas atividades. Responde às várias mensagens de texto e, incomodamente, quanto mais responde mais mensagens aparecem. Mas você segue! Vai resolvendo os problemas da sua empresa, fechando boas vendas, recebendo feedbacks bem legais pela qualidade do seu trabalho.
Quando vê já é quatro horas da tarde e você quase esqueceu de pagar as contas. Por sorte existe PIX hoje, se não você não conseguiria fazer todas as transferências que precisa fazer neste dia. Você não curte muito essa parte de contas e números. Toma um tempo grande que você poderia estar dedicando a fechar novas vendas. Contudo, sabe que faz parte de uma empresa saudável ter um caixa saudável.
Seu dia segue e, você, resiliente nas suas atividades. Algumas vezes deixa passar os registros financeiros, afinal de contas, se você não vender, não vai ter nem dinheiro para pagar. E não significa que não vai ter dinheiro para pagar porque o negócio vai mal não. Pelo contrário! Está indo tão bem que o seu tempo é mais precioso prestando o serviço ou vendendo o produto que é melhor mesmo você preservar este fluxo positivo. Ah! Como os clientes adoram quando você está disponível.
Os cuidados financeiros, além de ligeiramente chatos, também demandam concentração na hora de lançar, pagar, negociar. E realmente isso é muito difícil de obter durante um dia produtivo. Concentração é um recurso escasso no seu dia a dia.
Pois é caro leitor, parece que chegou a hora!
Quando o seu tempo é escasso, sua atividade é mais significativa gerando novos negócios, ou entregando os serviços, e a empresa tem potencial para continuar absorvendo novas vendas, é chegada a hora de contratar alguém para cuidar das finanças da empresa. Essa contratação costuma ser superdelicada porque envolve dados sensíveis do negócio, requer uma pessoa de alta confiança, e com um conhecimento técnico específico e com visão de todo do negócio. Nem sempre é simples de encontrar uma pessoa assim por aí.
Às vezes o profissional até tem conhecimento do operacional ? como pagar uma conta, como registrar no sistema, como retirar um relatório e ter noção se o negócio está gerando lucro ou não. Mas poucas vezes tem a visão sistêmica do negócio. No fim, é o ?olho do dono que engorda o boi?, como dizem por aí. Então delegar a gestão financeira não é abandonar a gestão financeira. Você precisa manter uma sensibilidade quanto a quais são os indicadores que você precisa acompanhar para saber se sua empresa se mantém saudável ou não.
Investir em educação financeira, sua e do colaborador, é um bom caminho para que ele passe a ter pensamento mais estratégico do ponto de vista financeiro: pensar em otimização de custos como negociação com fornecedores, melhoria do ciclo de caixa, sugestões de produtos/serviços que possam se diferenciar e, naturalmente, uma boa capacidade de interpretação dos dados registrados e entendimento dos preços praticados.
Uma das maiores dores neste processo é que você precisa dedicar um tempo (que lhe falta) no treinamento do profissional para ocupar este lugar, até que ele entenda a lógica do seu negócio e o seu jeito de trabalhar.
Nessa hora parece muito mais fácil você resolver o problema do que perder o seu tempo explicando para um outro que talvez não consiga resolver na primeira tentativa.
Eu estou aqui para lhe incentivar a acreditar na competência do profissional que você está contratando. Se não dedicar este tempo valioso para que ele se aproprie da atividade para a qual foi contratado, você só aumentará seu custo e não resolverá seus problemas. Dedique algumas horas no primeiro mês e tenha um profissional que sabe o que tem que ser feito durante toda uma vida. Caso contrário, você terá aumentado o seu custo, interpretará que o contratado é incompetente e passará todos os dias tentando fazer um puxadinho para resolver os problemas que você reluta em delegar.
Entenda que seu tempo precioso pode ser dedicado para aquilo que lhe agrega valor: disponibilizar mais tempo livre para você direcionar sua energia para o que traz mais resultados. Então, ao invés de apagar incêndios, treine os bombeiros. Dedique um tempo a transferir seu conhecimento e ganhe seu tempo de volta nos meses que seguem.
Já chegou a sua hora de delegar os cuidados financeiros?
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