Como o ex-ministro do Afeganistão virou entregador na Alemanha
Sayed Sadaat trabalha como entregador de comida e ganha pouco mais de um salário mínimo no país
Sayed Sadaat, de 50 anos, foi ministro das comunicações do Afeganistão antes de se mudar para a Alemanha em dezembro de 2020 na esperança de um futuro melhor. Agora, ele ganha a vida como entregador de comida na cidade de Leipzig, no leste alemão.
De bicicleta, uniforme e a mochila onde carrega os pedidos, Sayed trabalha seis horas, de segunda a sexta-feira; e de meio-dia até ás 22h nos finais de semana. Ele ganha 15 euros por hora (91 reais, em conversão direta) e afirma que valor é o suficiente para pagar suas contas. O salário minimo na Alemanha é de 9 euros por hora.
"Não tem por que ter vergonha. É um trabalho como outro qualquer. Se há emprego, é porque há uma determinada demanda e que alguém deve se encarregar de satisfazê-la", disse em entrevista para a agência de notícias AFP.
O ex-ministro afegão que trabalhou para o governo de 2016 até 2018, alega que deixou o cargo por desavenças com pessoas próximas ao ex-presidente do país - que fugiu do país assim que o Talibã tomou o poder - e por corrupção que alega que acontecia dentro do governo afegão.
Após deixar o governo, ele conseguiu um emprego como consultor no setor de telecomunicações no seu país natal. Porém, quando percebeu a escalada do Talibã, decidiu deixar o Afeganistão.
Com cidadania britânica, Sayed escolheu a Alemanha por considerar que teria mais oportunidades de trabalho. Mas mesmo com sua formação, Sadaat tem lutado para encontrar um emprego na Alemanha que corresponda à sua experiência. Formado em TI e telecomunicações, ele esperava encontrar oportunidades. Mas, sem alemão, suas chances foram mínimas. "O idioma é a parte mais importante", disse.
Para conseguir um trabalho melhor, todos os dias ele faz quatro horas de alemão em uma escola de idiomas antes de começar o turno de começar realizar as entregas de comida para Lieferando. "Esse trabalho [de entregador] é por um período limitado, até que eu encontre outro emprego", diz ele.
Apesar da posição atual, Sadaat acredita que pode ser útil para o governo alemão após a retirada das forças da Otan no Afeganistão. "Posso aconselhar o governo alemão e tentar fazer com que o povo afegão tire proveito disso, porque posso dar a eles uma imagem realista do terreno", concluiu.
A história do ex-ministro afegão ganhou destaque com o caos que se desenrolou no Afeganistão após o Talibã tomar o poder no país. O número de solicitação de asilo de afegãos na Alemanha aumentou desde o início do ano, saltando em mais de 130%, mostraram dados do Escritório Federal para Migração e Refugiados. Há anos, os afegãos são o segundo maior grupo de migrantes na Alemanha, atrás dos sírios. Cerca de 210 mil pedidos de asilo foram registrados desde 2015 no país europeu.
A agência para refugiados da ONU estima que até 500 mil afegãos podem fugir do pais até o final do ano. "Uma crise humanitária muito maior está apenas começando", disse Filippo Grandi, Alto Comissário das Nações Unidas, ao apelar que países permaneçam com fronteiras abertas.
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