Grupo DHS nasceu de projeto piloto de auditoria de contratos para melhoria na gestão de recursos financeiros e recomendação de clientes
A aparente dificuldade de escolher uma profissão escondia sua verdadeira vocação: ser Papai Noel. Filho de pais médicos, ele não hesitou em optar pela medicina que trocou ainda na faculdade pelo futebol ? primeiro no Brasil e, depois, na Inglaterra. A empolgação durou pouco. Mas a escala no outro lado do Atlântico teve serventia: aprendeu inglês e aproximou-se do universo das empresas e da auditoria. Ex-médico e ex-jogador, Henrique Sampaio, fundou o Grupo DHS em 2009 e, desde então, ajuda empresas de médio porte ? focadas no varejo ? a recuperar dinheiro que perdem durante o processamento de contratos com fornecedores.
?Empresas perdem dinheiro e muitas vezes nem sabem que perdem. Exemplos não faltam. Tem quem pague uma mesma duplicata duas vezes ou pague por mercadoria que era amostra grátis. Tem quem contrate a compra de produtos em acordos que definem um preço e, na hora de quitar, pagam outro. Não são poucos os processos de negociação que são de difícil controle?, relata Sampaio que descobriu cedo ser um bom jogador, mas não um craque. E mais: que havia um universo de possibilidades a explorar no trabalho de auditoria, para além da contabilidade e da aplicação rigorosa de legislações.
Henrique Sampaio, que desenvolveu sólida carreira em multinacionais como PwC, Gerdau e Goodyear, lembra ao EXAME IN que o Grupo DHS não nasceu da noite para o dia. ?Contratei um ex-estagiário e fizemos um piloto em uma empresa com faturamento em torno de R$ 300 milhões ao ano. Esse piloto confirmou que a busca de melhoria na gestão de recursos financeiros poderia ser rentável. E com recomendações de clientes para futuros clientes fomos ganhando espaço. Hoje, atendemos empresas de médio porte do Nordeste ao Sul do país e prestamos consultoria na Argentina e em Portugal?, relata o executivo.
A auditoria faz com que grandes volumes financeiros entrem nos cofres das empresas de forma inesperada e repentina, aumentando consideravelmente a disponibilidade de recursos e a geração de caixa, explica Sampaio que não disfarça a satisfação de apresentar aos clientes recursos que eles sequer supunham existir. ?É ser meio Papai Noel chegar com um dinheiro inesperado?, brinca o CEO que, desde o início do DHS privilegiou o uso da tecnologia para atingir resultados.
Inteligência artificial
Atualmente com 58 funcionários, o Grupo investe majoritariamente em desenvolvedores de sistemas especialistas na aplicação de inteligência artificial, informa Sampaio para quem funcionários não devem ficar no escritório e, sim, alocados nos clientes. Ele diz que ?dividir pizza no escritório é sinal de que o trabalho não está funcionando?, uma vez que o DHS investe pesado nas empresas clientes, onde passa de dois a três meses auditando contratos e processos.
?Desenvolvemos, ao longo dos anos, com investimento de aproximadamente R$ 1 milhão, o ?Auditty?, um sistema com inteligência artificial usado, primeiramente, como instrumento de auxílio interno nas auditorias. Neste momento, trabalhamos em um módulo para auxiliar nossos clientes na prevenção de perdas futuras?, explica.
Um caso exemplar de sucesso, aponta Sampaio, é o do Grupo Bahamas ? rede de supermercados de Minas Gerais ? que recuperou R$ 18 milhões com a auditoria de contratos e prevenção de perdas futuras. ?Somente um rigoroso estudo dentro da emprega pode identificar gargalos de processos que geram perdas significativas. E esses valores recuperados, devolvidos às empresas, podem ser empregados de várias maneiras. Podem reforçar o fluxo de caixa, realizar investimentos, alavancar campanhas de marketing ou regularizar passivos. Na prática, há geração de novo capital, redução de custos mensais e também de riscos fiscais?, diz o executivo do DHS cuja remuneração se dá em percentual do capital recuperado e devolvido ao cliente.
Especialista em Ciências Contábeis e administração pública e privada ? com doutorado em Economia ? Henrique Sampaio está convencido de que as compras online serão responsáveis por mais de um terço das vendas em mercados desenvolvidos. Ele entende que o comércio móvel ou digital, sobretudo após o avanço tecnológico acelerado pela pandemia de Covid-19, se tornará cada vez mais popular, à medida que mais consumidores fizerem compras em plataformas móveis e principalmente com as mudanças e inovações dos meios de pagamento como o Pix. E os serviços de auditoria, pondera o executivo, conquistarão mais espaço num contexto previsível de disputa por margens operacionais em ambientes que serão mais competitivos.
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