De acordo com o governador João Doria, o calendário de vacinação de crianças e adolescentes pode atrasar por conta da falta de doses. O governo federal ainda não se manifestou
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), acusou, nesta quarta-feira, 4, o Ministério da Saúde de entregar somente metade das doses da vacina da Pfizer a que o estado tem direito. De acordo com Doria, havia a previsão de receber 456 mil doses do megalote de vacinas do laboratório que estão chegando diariamente ao país, mas o estado só recebeu 228 mil.
"A quantidade foi reduzida pela metade e quebra o pacto federativo. Com menos vacinas da Pfizer, o Ministério da Saúde compromete o calendário de imunização de crianças e adolescentes previsto para começar no dia 18 de agosto", disse Doria em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes.
Atualmente, somente a Pfizer tem autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para aplicação em crianças e adolescentes. O governador, porém, disse que o calendário de adultos não deve sofrer alterações. A previsão é imunizar, com pelo menos a primeira dose, todos os adultos com mais de 18 anos até o dia 16 de agosto.
A Secretaria de Saúde estadual enviou um ofício ao ministério questionando o caso. "Desde o inicio da campanha de vacinação contra a covid-19 São Paulo sempre recebeu mais de 20% do quantitativo de vacinas destinado ao país", disse Eduardo Ribeiro, secretário executivo da Secretaria de Estado da Saúde. A administração estadual afirma que está tomando atitudes cabíveis e espera que a pasta envie as doses restantes.
De acordo com João Gabbardo, coordenador executivo do Centro de Contingência da Covid-19, esse atraso também pode afetar o cronograma de abertura da economia. A previsão é liberar a capacidade de 100% dos estabelecimentos em todo o estado a partir do dia 17 de agosto. A conta para permitir a liberação se baseia em percentuais da população vacinada.
EXAME procurou o Ministério da Saúde para esclarecer o que aconteceu com as entregas de vacinas destinadas ao governo de São Paulo, e aguarda um posicionamento. Assim que a pasta se manifestar, essa reportagem será atualizada.
Na semana passada, São Paulo já tinha feito uma acusação dizendo que o governo federal tinha recebido vacinas de diversos laboratórios e que os lotes ficaram parados no centro de logística do Ministério da Saúde, em Guarulhos, na Grande São Paulo.
Na ocasião, o Ministério da Saúde disse que iniciou a entrega dessas 10 milhões de doses que estavam no depósito e que esse envio seria constante. "Sendo 780.840 para o estado do Rio de Janeiro. Na semana passada, entre terça, 20, e quinta-feira, 22, foram enviadas 696,7 mil para o estado do Rio de Janeiro. Cabe ressaltar que os estados são responsáveis pela distribuição das doses aos municípios", diz a nota enviada à EXAME.
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