Para animar quem vai se vacinar em um posto na Cidade do México e incentivar a atividade física, profissionais criaram o urso panda "Pandemio", que ganhou as redes com suas danças
Um mascote da vacinação no México virou febre nas últimas semanas.
É o urso panda "Pandemio", que faz danças que viralizaram nas redes sociais, enquanto anima os cidadãos mexicanos no aguardo da vacina contra o coronavírus.
O mascote dá expediente em um posto de vacinação do governo na Cidade do México, capital do país. O nome vem da combinação entre "panda" e "pandemia", em espanhol.
Pandemio, na verdade, faz parte de um trio de mascotes, ao lado de Pilita (um garoto) e Bongo (um macaco). Os personagens são interpretados pelos preparadores físicos Carlos García, Mariano Torres y Mauricio Rodríguez, que já trabalhavam na rede de saúde.
Os profissionais por trás das fantasias vão às salas onde a vacinação ocorre e dançam para os presentes. Segundo eles, o objetivo é ajudar os presentes a descontrair antes da vacinação.
"Há pessoas que vêm [ao posto] com dúvidas e medos e o primordial é que relaxem", disse à rede de televisão Televisa Carlos García, que interpreta o Pilita.
Mariano Torres, que interpreta o Pandemio, disse que o trio começou com coreografias básicas, mas que agora têm "um show montado".
Os profissionais afirmam que buscam, também, incentivar a atividade física mesmo em tempos de pandemia. Os vídeos divulgados nas redes sociais e na TV mexicana mostram os presentes sempre dançando ao som dos mais variados ritmos dos mascotes.
Apesar do trabalho dos mascotes, o México tem 35% da população de 128 milhões de habitantes vacinada com ao menos uma dose e 20% totalmente vacinada, e a vacinação ainda precisa avançar em meio ao risco com a variante Delta.
Pandemio e seus amigos são a princípio uma ação isolada, restrita a um posto específico e ideia da coordenação local.
No começo da pandemia, o governo mexicano chegou a criar a heroína "Susana Distancia", personagem para incentivar o distanciamento social - que ganhou até mesmo o próprio perfil no Twitter.
A personagem foi lembrada durante as comparações com Pandemio nas redes sociais, mas sua participação tem sido reduzida nos últimos meses, e o governo mexicano substitui Susana Distancia por outros tipos de propaganda oficial.
Indo contra seus próprios mascotes, a gestão do presidente Andrés Manuel López Obrador também foi criticada ao longo do ano passado por minimizar a gravidade do coronavírus.
Obrador fez eventos lotados, saiu às ruas e pediu beijos e abraços dos mexicanos, frequentemente sem máscara. Chegou a dizer que "não vai acontecer nada" caso as pessoas mantivessem o contato durante a covid e foi contra quarentenas no México.
Seja como for, os mascotes em campanhas de saúde não são novidade. No Brasil, o Zé Gotinha foi criado em 1986, para uma campanha de vacinação do Ministério da Saúde contra a poliomielite.
A criação foi do artista plástico e publicitário Darlan Rosa, em parceria com a Unicef, braço das Nações Unidas para a infância e juventude. O personagem é uma gota porque o objetivo era reduzir nas crianças o medo da vacinação, geralmente associada a agulhas. Com a tecnologia usada na vacina da poliomielite, as gotinhas já bastavam para a imunização.
Desde então, o Zé Gotinha tem sido usado para outras campanhas de vacinação no Brasil, incluindo contra o coronavírus.
Vacinação no México
A nova onda da pandemia no México preocupa em meio ao aumento dos casos nas últimas semanas e o impacto significativo no comércio e no turismo.
A economia sofre. O país ganhou meio milhão de desempregados a mais desde o segundo trimestre do ano passado e, apesar da taxa de desemprego oficial ser historicamente baixa (abaixo dos 5%), mais da metade da população está na informalidade, mascarando o desemprego real.
O produto interno bruto do México, que tem a segunda maior economia da América Latina (atrás do Brasil), caiu 8,5% em 2020.
A fatia de vacinados, de 35% com ao menos uma dose, também está abaixo das principais economias latino-americanos.
- A taxa geral da América do Sul é de 43% da população vacinada com ao menos uma dose e 19% totalmente vacinada;
- O Brasil tem 49% com uma dose e 19% totalmente vacinados;
- A Argentina tem 54% com uma dose e 40% totalmente vacinados;
- O Chile tem 72% com uma dose e 63% totalmente vacinados.
O presidente Obrador tenta, no momento, convencer o governo dos Estados Unidos a reabrir as fronteiras com o país, que estão fechadas desde o ano passado.
O governo Joe Biden prorrogou o fechamento de fronteiras com os vizinhos ao sul ao menos até o fim de agosto, devido ao temor do crescimento de casos com a variante Delta.
"Não podemos ter a fronteira fechada por muito tempo porque temos laços econômicos e comerciais que são estratégicos para o México e para os EUA", disse Obrador em entrevista coletiva nesta semana. "É um fato que manter a fronteira fechada por muito tempo vai afetar o comércio, especialmente na Califórnia e no Texas."