Mês marca o auge do período seco; órgão de operação do setor fez previsões em nota técnica
Uma nota técnica concluída nesta quinta-feira pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) traça um cenário ainda mais desafiador para o fornecimento de energia no fim deste ano por conta da crise hídrica que atinge as hidrelétricas do país. O texto prevê ?o esgotamento de praticamente todos os recursos no mês de novembro? para o sistema nacional de energia elétrica.
Para o mês de outubro, o órgão responsável pela operação do sistema elétrico do país afirma que as ?sobras (são) bastante reduzidas?. O sistema opera com sobras de potência para garantir o fornecimento de energia elétrica. São essas sobras que serão consumidas até novembro. O penúltimo mês do ano marca o fim do período seco. Por isso, não há previsões a partir daí.
A nota técnica já incorpora ações tomadas pelo governo, como medidas para reduzir a saída de água de hidrelétricas importantes. Além disso, considera o aumento do PIB para 4,5% no ano, em vez dos 3% que até então era usado como parâmetro.
O aumento da economia é o principal parâmetro para o crescimento do consumo de energia, estimado em 7% neste ano.
O ONS traça dois cenários. Na primeira simulação, a previsão de acionamento do parque termelétrico é mais conservadora, não sendo consideradas no planejamento todas as unidades indisponíveis.
Nesse caso, toda a segurança do sistema será consumida em novembro, sendo necessário importar energia para não ter apagão. A previsão é de importar 2.107 megawatts de energia, o equivalente a Angra 1 e 2 juntas.
No segundo cenário, o ONS prevê uma maior participação das térmicas. Nesse cenário, o mais otimista, a sobra seria de apenas 144 MW. Para se ter uma ideia do tamanho do risco que essas sobras representam, normalmente o sistema opera com 14 mil a 15 mil MW de reserva.
Ou seja, a sobra prevista para novembro no cenário otimista é de 1% da reserva normal do sistema.
Como o GLOBO mostrou, o ONS pediu o adiamento das paradas de manutenção de todas as usinas do país. Também pediu para mudar a estratégia de geração das usinas do Rio São Francisco, com o objetivo de guardar mais água nesses reservatórios para ser usada o fim do ano.
O ONS diz que a piora nas previsões decorre do aumento da carga de energia e da redução da disponibilidade termelétrica.
O órgão federal não faz previsão de racionamento ou de apagão, mas os dados apresentados pelo ONS estão em linha com simulações feitas pela PSR, a principal consultoria do setor elétrico.
As análises da PSR apontam um risco de racionamento de energia e de apagão (blackout) em 2021.
O risco de racionamento de energia varia de 20% a 29% para crescimento da demanda anual de 6% a 9% em 2021 em relação a 2020.
A PSR também fez as contas considerando as possíveis ações que o governo pode tomar. Diante das simulações feitas, se as ações do governo para mitigar a crise forem bem-sucedidas, os riscos caem bastante, para dentro dos níveis de planejamento, da ordem de 1% a 3%, o que garantiria o abastecimento.
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