Rodrigo Batista, que foi CEO do Mercado Bitcoin até 2018, cria nova exchange e mira fatia do mercado de criptomoedas no Brasil e no mundo
Depois de vender, em 2018, sua participação na exchange Mercado Bitcoin, que ele ajudou a criar e da qual foi CEO, Rodrigo Batista está de volta ao mercado de criptoativos. E com uma concorrente para sua antiga empresa: a Digitra.
A plataforma de negociação de ativos digitais nasce com um plano ambicioso do seu fundador. Ao contrário do Mercado Bitcoin e outras empresas do setor, que nasceram focadas no mercado brasileiro para depois expandir para outros países, a Digitra surge já com a ideia de atuar em diferentes mercados.
"?Hoje o líder de negociação de ativos digitais no Brasil e no mundo é a chinesa Binance. A competição agora é global e por isso estou criando a Digitra, para concorrer em todos os mercados. Acredito também que o mundo de finanças tradicional e de ativos digitais vão se juntar e estou me antecipando a isso, trazendo um nível de segurança, governança e produtos inéditos?, disse Batista, à EXAME.
Segundo ele, a empresa terá, desde o seu lançamento, versões em outras línguas - inicialmente inglês, espanhol e mandarim, além do português. A Digitra, entretanto, será registrada no Brasil: "No início, a empresa será constituída no Brasil. Surpreendentemente, em nossa avaliação jurídica, o Brasil é um dos países com melhor estrutura para empresas de ativos digitais. A título de comparação, nos Estados Unidos existem regras diferentes em cada estado", explicou.
O desenvolvimento, no entanto, não será fácil, já que o setor é bastante concorrido e tem empresas consolidadas no mercado brasileiro. Além do Mercado Bitcoin, que recebeu aporte do Softbank recentemente, empresas como a chinesa Binance, a sino-brasileira NovaDAX, a mexicana Bitso, a argentina Ripio e as brasileiras Foxbit e BitPreço, entre outras, dividem esse mercado bilionário.
"Não acreditamos que existam marcas consolidadas no mercado atualmente. Estamos na infância da tecnologia de moedas digitais. Este mercado hoje é como a internet em 1995, ano do IPO da Netscape. Ainda é cedo, e acreditamos que os produtos que o mercado usará sequer foram criados. Estaremos atentos para inovar e criar novas soluções neste novo universo. O round de investimentos que avaliou a [exchange norte-americana] FTX em 18 bilhões de dólares demonstra isso. É uma empresa com apenas dois anos de idade, que se valeu do fato de ter entrado em uma nova fase do mercado", diz o empreendedor.
Para ele, o fato de ter sido criada em um momento em que o mercado de criptoativos está mais maduro é uma vantagem para a Digitra: "Iniciar neste momento significa que podemos aprender com os erros das outras empresas. Nos possibilita também usar tecnologias que não existiam no início do universo das criptomoedas. As empresas de criptomoedas atuais já têm dificuldade de inovar neste universo tão veloz. Existe espaço também para melhorar muito no atendimento".
A Digitra ainda não tem uma plataforma aberta para os consumidores e seu lançamento deve acontecer no início de novembro. Além de oferecer negociação de criptoativos - que a empresa ainda não definiu quais serão, apenas disse que "no início, o foco será naquelas com maior liquidez - o objetivo é ter uma oferta de produtos variados, como ações tokenizadas: "Pensando no médio e longo prazo já pensamos em soluções como ações tokenizadas, mas estas dependem de licenças no Brasil ou em outras jurisdições".
Rodrigo, que desde que deixou o Mercado Bitcoin foi estudar administração de empresas em Harvard (EUA) e depois investiu em outras startups fora do mercao cripto, contou também que a Digitra desenvolveu tecnologia própria para sua plataforma. A empresa, segundo o empresário, já conta com um time de 16 pessoas e tem parceria cmo empresas como a israelense Fireblocks, especializada em custódia de ativos digitais para instituições financeiras.
A empresa nasce com metas ousadas. Segundo o seu fundador, a Digitra mira na conquista de 1 milhão de clientes e 30 bilhões de reais movimentados em seu primeiro ano de operações: ?O desafio é gigante. Mas era ainda maior quando entrei neste mercado e ajudei a dar o chute inicial dele no Brasil?.