CEO da startup de impacto social fala dos benefícios que a educação no ambiente corporativo traz para funcionários, seus familiares e comunidade
Por Renato Krausz*
1. Uma pesquisa mundial recente com 500 especialistas em sustentabilidade sobre o progresso dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODSs) revelou que só 14% avaliam positivamente o ODS nº 4, que fala sobre educação de qualidade. Como o setor privado pode contribuir para acelerar as transformações necessárias?
Paulo Batista: O setor privado e em particular as edtechs têm mais flexibilidade para inovar e propor abordagens disruptivas para resolver o grave problema da falta de evolução na educação, sobretudo para determinados públicos. Esse ainda é um problema mal resolvido no mundo inteiro.
O Brasil, entre os países de renda equivalente, tem o pior resultado. No Alicerce, firmamos este ano parcerias com empresas de diferentes setores da economia para acelerar o processo de aprendizagem de 10 mil crianças, adolescentes e adultos. Com apenas três anos de existência, já temos 80 polos de ensino em bairros da periferia.
2. Quais são os benefícios em curto e longo prazo para as empresas que investem em programas educacionais específicos para os próprios funcionários?
Paulo Batista: Esse é o investimento de maior retorno para as empresas. No curto prazo, o impacto é muito grande para a retenção e engajamento dos colaboradores. Esse é um terreno ainda pouco explorado pela maior parte das empresas, e portanto fértil para promover diferencial competitivo ao empregador.
No longo prazo, a empresa colhe os benefícios em ganho de produtividade, inovação e cultura corporativa. Além disso, já está comprovado que é mais barato e efetivo desenvolver talentos do que "comprá-los" com as competências desejadas no mercado. Sem falar no impacto positivo que isso traz não só para a organização, mas também para a sociedade.
Outro benefício é a possibilidade de nortear o desenvolvimento dos colaboradores para as competências mais vinculadas ao negócio e à estratégia da companhia. Por fim, há um enorme ganho na cultura organizacional e nos indicadores de ESG que se referem ao cuidado e desenvolvimento de colaboradores.
3. A pandemia está deixando cicatrizes profundas na educação de toda uma geração de jovens. É possível curar isso?
Paulo Batista: Este vai ser o desafio da década, principalmente em sistemas educacionais já combalidos, como o brasileiro. Toda uma geração de jovens chegará com defasagens crônicas para as universidades e, em maior medida, para o primeiro emprego.
A aprovação automática já definida pelas autoridades educacionais vai mascarar esse impacto, tornando essa crise silenciosa nas estatísticas de diplomação, mas muito perceptível na performance dos brasileiros. Nesse contexto, processos educacionais focados em diagnóstico e aprendizagem acelerada, como o do Alicerce, têm muito a contribuir.
*Renato Krausz é sócio-diretor da Loures Comunicação
Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.
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