Cidade chega a ter 90% de território queimado; ministro diz que este pode ser apenas o "início do que promete ser um verão longo e difícil"
As forças armadas do Canadá estão em alerta neste sábado, 3, para ajudar a evacuar as cidades e combater mais de 170 incêndios causados por uma onda de calor sufocante e pela seca no oeste do país.
Ao menos 177 incêndios ocorreram na província da Colúmbia Britânica, dos quais 76 foram registrados nos últimos dois dias, disseram as autoridades. A maioria foi causada por raios.
"Ontem [sexta-feira] observamos cerca de 12.000 relâmpagos", afirmou Cliff Chapman, diretor de operações do serviço de bombeiros da Colúmbia Britânica, de acordo com a emissora pública CBC.
"Muitos desses relâmpagos caíram perto de comunidades, como visto na área de Kamloops", 350 quilômetros a nordeste de Vancouver, acrescentou.
Embora o fenômeno da "cúpula de calor" que retém o ar quente na região seja responsabilizado pelas condições sufocantes no oeste dos Estados Unidos e Canadá, os especialistas dizem que as mudanças climáticas estão fazendo com que os recordes de temperatura sejam quebrados com mais frequência.
A nível mundial, a década que antecedeu 2019 foi a mais quente já registrada, e os cinco anos mais quentes ocorreram desde 2012, de acordo com o climate.gov.
Na sexta-feira, o ministro canadense de Segurança Pública, Bill Blair, apontou para "condições de seca e calor extremo" que são "inéditas" na Colúmbia Britânica.
"Esses incêndios mostram que estamos no início do que promete ser um verão longo e difícil", acrescentou em entrevista coletiva.
Na sexta-feira, o primeiro-ministro Justin Trudeau se reuniu com um Grupo de Resposta a Incidentes, que inclui vários ministros, após conversar com lideranças locais, provinciais e indígenas.
"Estaremos aqui para ajudar", disse ele a jornalistas.
O grupo informou que decidiu estabelecer um centro de operações em Edmonton, no oeste do país, com até 350 efetivos militares para prestar apoio logístico à região, segundo o ministro da Defesa, Harjit Sajjan. Aviões militares também foram enviados.
Cerca de mil pessoas foram forçadas a deixar suas casas por causa dos incêndios na Colúmbia Britânica, e muitas outras estão desaparecidas.
Ao menos 719 pessoas morreram na semana, "três vezes mais" do que a média naquele período, relatou o departamento médico-legista d Colúmbia Britânica.
Lisa Lapointe, a chefe legista da província, informou que o calor extremo era provavelmente um "fator importante".
A pequena cidade de Lytton foi evacuada na quarta-feira depois que um incêndio se espalhou rapidamente pela área. Cerca de 90% da cidade foi queimada, segundo Brad Vis, deputado que representa a área.
Na terça-feira, 49,6 graus Celsius foram registrados nesse povoado, um recorde no Canadá.
A onda de calor continuou a se expandir pelo Canadá neste sábado, afetando também as províncias de Alberta, Saskatchewan e Manitoba, assim como partes dos Territórios do Noroeste e partes do norte de Ontário.
Mais ao sul, os estados americanos de Washington e Oregon também vivenciam temperaturas recordes.
Ao menos 94 pessoas morreram em Oregon devido à onda de calor, alertaram as autoridades na sexta-feira. E na Califórnia, três incêndios já destruíram cerca de 16.200 hectares no norte do estado.