Mesmo com o estrago provocado pela pandemia, há empresas contratando e a hora é boa para tirar da gaveta o sonho de se reinventar
Por Jorge Martins*
Existe uma expressão popular que diz: ?O seu copo está meio cheio ou meio vazio??. É uma metáfora sobre a forma que as pessoas têm de enxergar a vida: de maneira positiva ou negativa. Questão de perspectiva. Cada pessoa pode entender de uma forma particular as situações, mesmo as mais desafiadoras. E isso se aplica também ao momento atual que estamos vivendo em relação ao mercado de trabalho.
É inegável o estrago que a pandemia está causando do ponto de vista econômico e social. Segundo os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de desempregados totalizou 14,8 milhões de pessoas.
No entanto, existem oportunidades no mercado, e a forma de olhar o cenário atual pode impactar aqueles que estão buscando recolocação ou que querem empreender. Muitas pessoas não estão buscando vagas ou recolocação simplesmente porque acham que está tudo parado. No entanto, existem empresas que estão crescendo e contratando. Principalmente aqueles profissionais que se adaptaram bem ao modelo home office e continuam rendendo e dando resultados.
O momento pode ser visto também como o lado cheio do copo para aqueles que querem mudar de área ou até empreender. Muitos profissionais foram desligados da empresa por corte e acabaram recebendo uma boa rescisão. Será que não é o momento de apostar naquele sonho que sempre esteve na gaveta e colocar em prática?
É momento de empresas e pessoas se reinventarem e ver o que o mercado está pedindo agora para investir.
Não são só pessoas que têm que se adaptar e reinventar em momentos de crise. Veja as empresas, por exemplo. Elas tiveram seus processos digitais acelerados, seja em relação à venda de seus produtos e serviços, mas também do modelo de trabalho. Para trabalhadores a mensagem é a mesma: adaptação. Claro que não estamos falando de profissionais liberais ou de classes desfavorecidas, que são os mais impactados. Mas aqueles que têm um pouco mais de estabilidade e se viram tendo que mudar de repente acabaram adquirindo novas habilidades e até mesmo os que foram demitidos decidiram aproveitar para fazer cursos e mudar de carreira ou usaram o dinheiro da rescisão para empreender.
É nessas horas que você tem que ver como prefere olhar o copo. Se meio cheio ou vazio. Eu sugiro olhar de forma mais otimista, encarando como uma oportunidade de crescimento e mudança.
Para aqueles que miram uma nova profissão, uma opção é olhar para o que o mercado vem buscando. Na Bullseye Executive Search, empresa de recrutamento e seleção de que sou cofundador, temos observado uma grande procura por pessoas qualificadas para posições nas áreas mais técnicas de engenharia, área comercial, jurídico corporativo, comunicação e claro, tecnologia. Então mesmo que você não seja dessas áreas, mire em empresas de setores que estão crescendo.
Outro fator relevante é que a pandemia fez muitas pessoas repensarem os seus propósitos de vida, incluindo a carreira profissional. Trabalhadores que antes ficavam de 12 a 14 horas no trabalho, hoje valorizam mais os momentos em família. Outros, que tinham como meta chegar ao primeiro milhão, já refletem se vale mesmo a pena engordar a conta bancária se não há saúde. Aproveitar este momento para repensar pode ser muito positivo.
Se depois de refletir, você entender que esse de fato não é o trabalho em que quer estar, é ideal montar um plano de ação. Se pergunte: que habilidades eu tenho? Em que áreas gostaria de atuar se não for a área em que atua hoje? Que cursos posso fazer para me inserir nesse setor que estou mirando? Essas são algumas perguntas que devem ser respondidas para começar a busca.
Não importa se empreendendo, mudando de área ou buscando recolocação. A visão que se tem sobre o mercado hoje vai ajudar na conquista. É sempre melhor quando conseguimos olhar para o copo meio cheio, pois enxergamos mais oportunidades.
Jorge Martins é executivo com expertise em melhoria de processos e habilidades de gestão de pessoas, fundador da consultoria Bullseye
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